INFUÊNCIA DA ACURÁCIA E CONSCIÊNCIA INTEROCEPTIVA SOBRE O ESFORÇO FÍSICO E AS RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS EM ADOLESCENTES
Interocepção Cardíaca; Acurácia Interoceptiva; Consciência Interoceptiva; Percepção Subjetiva de Esforço; Resposta Afetiva; Regulação do Esforço Físico.
O complexo comportamento humano de realizar exercício físico envolve, além de processamentos cognitivos, físicos e emocionais, fatores interoceptivos que influenciam o controle da intensidade do exercício físico. Nesse sentido, estudos recentes demonstram uma variabilidade interindividual humana na percepção dos sinais corporais, essa percepção é denominada como interocepção. Ademais, evidências recentes expõem a influência da percepção interoceptiva no comportamento durante o exercício físico. Todavia, os estudos que utilizam a interocepção como influenciadora na regulação do esforço físico apresentam divergência na amostra e na instrução fornecida aos indivíduos. Portanto, o presente estudo verificou a influência da interocepção (acurácia e consciência interoceptiva) sobre a regulação do esforço físico, desempenho e respostas psicofisiológicas durante duas condições de exercício, com diferentes instruções, em adolescentes. Foram alocados 45 adolescentes, com idade entre 14 e 17 anos, na primeira etapa, foram separados pelo nível de acurácia Interoceptiva: Alta acurácia (n=20) e Baixa acurácia (n=25); e na segunda etapa pelo nível de consciência Interoceptiva: Alta consciência (n=28) e Baixa consciência (n=17). Todos foram submetidos a anamnese, avaliação antropométrica, estágio maturacional, questionário de preferência e tolerância da intensidade de exercício (PRETIE-Q), questionário de estresse, ansiedade e depressão (DASS-21), variabilidade da frequência cardíaca de repouso e ao teste de aptidão aeróbia (teste de leger). Posteriormente, foram submetidos (em ordem aleatória e cruzada) a duas condições de exercício físico de corrida, no qual diferiram quanto a instrução orientada ao voluntário, uma autosselecionada (você tem 10 minutos de exercício); e outra que busca o melhor desempenho do indivíduo (você tem 10 minutos para dar o maior número de voltas possível). Durante o exercício, foi aferido a frequência cardíaca, a percepção subjetiva de esforço (PSE) e a resposta afetiva dos voluntários, sendo as duas últimas, a cada dois minutos. A normalidade foi testada por Shapiro-Wilk e score-z (assimetria e curtose). O teste T para amostras independentes e o Mann-Whitney foram utilizados para comparar os grupos. O modelo de Equações de Estimativa Generalizada verificou as possíveis diferenças entre as respostas de PSE e afeto durante o exercício. Na etapa um houve diferença significativa entre os grupos nas duas condições de exercício, quanto a distância percorrida (p<0,05), não apresentando interação grupo e tempo quanto as respostas de PSE e resposta afetiva (p>0,05). Na etapa dois houve diferença significativa da distância percorrida entre os grupos apenas na condição que busca o melhor desempenho dos indivíduos (p=0,026), sendo a condição autosselecionada estatisticamente semelhante (p=0,097), quanto a resposta afetiva não houve interação grupo e tempo, nas condições (p>0,05), similarmente a PSE no exercício autosselecionado (p=0,643), já a PSE no exercício que busca o melhor desempenho, houve interação grupo e tempo (p=0,026). Concluímos que sujeitos com alta acurácia Interoceptiva apresentam maior conservação ao selecionar a intensidade do exercício físico, independente da orientação. Entretanto, no estudo dois, esse comportamento só é semelhante durante a condição em que os voluntários buscam o melhor desempenho.