EFEITOS DE UM PROGRAMA DE ACONSELHAMENTO À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA VERSUS UMA SESSÃO DE ORIENTAÇÃO À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL AMBULATORIAL, COMPOSIÇÃO CORPORAL E FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS EM HIPERTENSOS DE MEIA-IDADE: UM ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO PILOTO
PALAVRAS-CHAVE: hipertensão arterial; monitorizarão ambulatorial da pressão arterial; aconselhamento à prática de atividade física.
OBJETIVO: comparar o efeito de um programa de aconselhamento à prática atividade física (AF) versus uma única sessão estruturada de orientação à prática de AF sobre a pressão arterial (PA) ambulatorial, composição corporal e fatores de risco cardiometabólicos em hipertensos meia-idade.
MÉTODOS: vinte e dois hipertensos inativos de meia-idade (♂ = 6, ♀ = 18) foram alocados aleatoriamente em dois grupos: i) programa de aconselhamento à prática de AF (n = 11; 49,6 ± 8,1 anos; pressão arterial [PA] de consultório 130,5 ± 14,3 / 78,6 ± 8,8 mmHg; 33,0 ± 5,3 kg/m2) ou ii) única sessão estruturada de orientação à prática de AF (n = 11; 47,9 ± 6,7 anos; PA de consultório 130,8 ± 13,9 / 85,4 ± 10,0 mmHg; 31,3 ± 5,1 kg/m2). O grupo aconselhamento participou de seis encontros quinzenais de 60 minutos, onde eram aconselhados para prática de AF com metas semanais progressivas de frequência e duração. Essa intervenção foi baseada no modelo dos 5 “As” (i.e., avaliar, aconselhar, acordar, assistir e arranjar). O grupo orientação participou de uma única sessão de orientação à prática de AF com 60 minutos de duração. Antes e após 12 semanas, foram avaliados: nível de AF (pedômetro por sete dias), PA de consultório, PA ambulatorial (monitorização ambulatorial da PA, MAPA de 24 h), composição corporal (DEXA), medidas antropométricas (índice de massa corporal [IMC] e circunferência da cintura [CC]), fatores de risco cardiometabólicos (glicose de jejum, colesterol total, HDL, LDL e triglicerídeos), marcadores de função renal (creatinina e ureia) e hepática (TGO, TGP e GAMA GT). A análise por intenção de tratar foi adotada e a ANOVA mista seguida pelo pós-teste de Bonferroni foi aplicada nos desfechos. Os resultados estão expressos em média e intervalo de confiança de 95%. Um p-valor < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo.
RESULTADOS: o grupo aconselhamento aumentou o nível de AF (643,8 passos/dia [13,3,1274,2] vs. -172,3 passos/dia [-802,8, 458,1]; p < 0,05), diminuiu a PA sistólica de consultório (-7,3 mmHg [-14,2,-0,4] vs. -2,2 mmHg [-9,1,4,7]; p < 0,05) e aumentou HDL-colesterol (10,5 mg/dL [3,7,17,3] vs. 5,4 mg/dL [-1,4,12,2]; p < 0,01). O grupo orientação aumentou a CC (1,8 cm [0,1,3,4] vs. -1,3 cm [-2,9,3,0]; p < 0,02), mas diminuiu os níveis de triglicerídeos (-37,2 mg/dL [-62,9,-11,5] vs. 17,1 mg/dL [-8,6,42,8]; p < 0,01). Não houve modificações da PA ambulatorial, composição corporal, glicose de jejum, colesterol total, LDL-colesterol, marcadores de função renal e hepática em nenhum dos grupos após 12 semanas (p > 0,05).
CONCLUSÃO: nossos achados preliminares mostram que apesar de ter aumentado discretamente o nível de AF de hipertensos de meia-idade, o programa de aconselhamento à prática de AF não foi superior a única sessão estruturada de orientação à prática de AF para redução da PA ambulatorial, melhora da composição corporal e redução de fatores de risco cardiometabólicos nessa população.