ESTRESSE PSICOFISIOLÓGICO EM JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL DURANTE JOGOS SUCESSIVOS
Monitoramento; resposta hormonal; Carga interna; Cortisol Salivar.
Objetivo: Analisar o estresse psicofisiológico decorrentes de jogos sucessivos de futebol e a influência do tempo em campo na resposta de carga interna (percepção subjetiva esforço da sessão [PSE da sessão], cortisol salivar e tolerância ao estresse) em jovens jogadores. Metodologia: Um total de 20 atletas de futebol (16.8 ±0.5anos; 172.9 ±7.7cm; 65.0 ±7.9kg; 8.3 ±1.8% gordura corporal; 53.1 ± 2,0ml.kg.min-1) categoria sub 17, realizaram dois jogos sucessivos (J1 e J2), com intervalo de 24 horas entre os jogos. Para a determinação da carga interna competitiva utilizou-se o cortisol salivar e a PSE da sessão. O questionário Daily Analysis of Life Demands in Athletes – DALDA foi utilizado para determinar a tolerância ao estresse (TE), enquanto o tempo em campo (TEC) foi utilizado para a determinação da carga externa. Foram retidos para análise 14 atletas que completaram minimamente 15 minutos de jogo. ANOVA de medidas repetidas comparou os valores de cortisol salivar nas diferentes medidas; o teste t pareado foi utilizado para comparar a PSE da sessão, o TEC, o escore da CR-10 e o delta de variação do cortisol salivar entre os jogos. Utilizou-se o teste de Wilcoxon para a comparar a TE entre os jogos. Em um segundo momento, foi dividido o grupo de jogadores de acordo a mediana do tempo em campo (maior tempo em campo [MAT], n=8; menor tempo em campo [MET], n=6). ANOVA mista de medidas repetidas, comparou o efeito da condição (maior ou menor tempo em campo), o efeito do tempo e da interação para a variável cortisol salivar nos diferentes grupos. Utilizou-se teste t para amostras independente para comparar as variáveis escore da CR-10, PSE da sessão, TEC e o delta de variação do cortisol salivar entre os diferentes grupos, e o teste de Mann-Whitney para a TE. Resultados: Observou-se que as concentrações de cortisol salivar variaram entre os momentos analisados (p<0.01). Não foram identificadas diferenças entre o delta de variação do cortisol salivar (p=0.36), PSE da sessão (p=0.23), escore de PSE (p=0.50) e TE (p=0.64) entre os jogos. O valor de cortisol de acordo com a divisão dos grupos teve efeito do tempo no grupo com maior tempo em campo no J1 (MAT: p = 0.009 e MET: p = 0.216) e em ambos os grupos no J2 (MAT: p<0.001, e MET: p=0.02), sem efeito da interação (p>0.05). Para as demais variáveis, no primeiro jogo o escore da CR-10 (p=0.04) e a PSE da sessão (p<0.01) foi diferente entre os grupos. No segundo jogo a PSE da sessão (p<0.01) foi diferente, enquanto que a variável escore da PSE não foi diferente (p=0.06). Em ambos jogos o delta não foi diferente entre os grupos (p=0.31 e p=0.23), diferentemente para os sintomas de estresse que diferiu em ambos os jogos (p=0.04 e p=0.02). Conclusão: Sucessivos jogos realizados em curto espaço de tempo aumentam as concentrações de cortisol salivar, no entanto esse aumento parece não ser decorrente do tempo em campo em jovens atletas. Adicionalmente, as demais variáveis de carga interna não sofreram efeito cumulativo dos jogos sucessivos.