A ESTÉTICA DA TRADIÇÃO DO GRUPO ARARUNA: COMPONDO UMA EDUCAÇÃO DO CORPO E DO MOVIMENTO HUMANO
Palavras-chaves: Corpo, Estética, Tradição, Educação Física.
Esta dissertação objetiva efetuar proposições estéticas do Araruna que componham uma educação do corpo por meio de uma tessitura de relações entre corpo, dança e cultura que configurem a estética do Grupo, elencando sentidos dos corpos brincantes e significações simbólicas das danças que colaborem com novos ensinamentos estéticos para a Educação Física. Situamos o Araruna no mundo vivido da fenomenologia de Merleau-Ponty, com o intuito de compreendê-los através do método da descrição, redução e imputação de sentidos nos registros fotográficos, nos vídeos das danças, nas entrevistas realizadas com doze brincantes e também das significações simbólicas contidas nos seus objetos cênicos: músicas, bijuterias, cartola, leque, maquiagem, cores e figurinos. Esses objetos configuram o ritmo da encenação das danças, intensificando a presença do corpo e seus sentidos, ampliando as sensações cinestésicas dos brincantes e dos espectadores. Logo, a dança potencializa a expressividade do corpo, configurando um espaço virtual, onde ela se apresenta como uma arte completa, de uma beleza que não se compara a nenhuma outra. O primeiro capítulo descreve a estética da tradição do Grupo Araruna considerando a ligação entre as danças e festas aristocráticas da Modernidade e a própria historicidade dos corpos brincantes do Araruna. Atrelado isso, é realizada uma discussão sobre como essas danças se delineiam no espaço-tempo na cultura norte-rio-grandense, evidenciando a memória do corpo e da cultura de movimento do Araruna. Percebe-se que o Grupo apresenta um grande valor cultural que não pode ser entregue ao esquecimento, porque ele conta sobre a memória da dança em Natal, no RN e em todo o Brasil, revelando também narrativas de outras culturas, especialmente da Europa. O segundo capítulo traz aspectos objetivos e subjetivos dos objetos cênicos do Araruna, levando em conta todo o universo simbólico existente na estética dos corpos e das danças, tendo como principal inspiração as letras das músicas do Grupo, que desvelam relações entre corpo, cultura, natureza, ludicidade e sexualidade. Tais dimensões constituem forças profundas que integram, educam, animam e potencializam a existência humana. O terceiro capítulo apresenta proposições para uma educação estética do corpo, da dança, do movimento humano e da Educação Física, buscando mobilizar outras reflexões e agucem a sensibilidade, intensificando a valorização da beleza do dançar, dos símbolos e da tradição. Nas considerações finais, é trazida uma síntese do trabalho com apontamentos que podem contribuir para a feitura de novos horizontes para o conhecimento da Educação Física e desdobramentos de novas pesquisas que se debrucem sobre a temática em questão.