Caracterização do Transporte de Aerossóis de Poeira Saariana sobre Natal-RN Através da Técnica de Despolarização LIDAR
Despolarização LIDAR. Aerossóis atmosféricos. Poeira do Saara. Transporte de poeira. Aerossol de queima de biomassa. Mistura de aerossóis. Aerossol marinho.
O transporte de poeira saariana pode atingir distâncias de até 5000 km e estima-se que cerca de 40 milhões de toneladas de poeira são transportadas anualmente do Saara para a bacia amazônica, tendo importante papel como a sua principal fonte de nutrientes. Em 2016 foi instalado em Natal o primeiro sistema LIDAR brasileiro com canais de despolarização, o DUSTER, projetado para estudos atmosféricos de transporte e caracterização de aerossóis sobre o Atlântico Sul. O sistema DUSTER possui 4 canais de detecção,1064 nm, 355 nm e os canais de despolarização 532 s nm e 532 p nm. A pesquisa foi conduzida para calibrar o sistema DUSTER, aplicando o método e caracterizar os aerossóis atmosféricos que estão sendo transportados sobre a região atmosférica de Natal. A aquisição de dados ocorreu durante as camanhas científicas que foram designadas como MOLOTOV ZERO (fevereiro/2016 à julho/2016), MOLOTOV I (dezembro/2016 à fevereiro/2017) e MOLOTOV II (novembro/2017 à fevereiro/2018). Os dados obtidos pelo DUSTER permitiram calcular a razão de despolarização linear de partículas (), parâmetro fundamental na caracterização dos aerossóis atmosféricos. Os valores mínimo e máximo de durante as campanhas MOLOTOV ZERO, MOLOTOV I e MOLOTOV II, foram de 0,02±0,003 e 0,29±0,023, 0,02±0,002 e 0,28±0,006, 0,02±0,001 e 0,22±0,001, respectivamente. A classificação das intrusões de aerossóis sobre a região atmosférica de Natal, indicou que são constituídos predominantemente por aerossois marinhos e em algumas situações é possivel identificar misturas de poeira saariana e queima de biomassa com aerossol marinho em maior ou menos grau. Dados do fotômetro CIMEL, instalado próximo ao DUSTER, corroboram as análises e indicam que há maior concentração de aerossóis de origem marinha e de poeira saariana em duas campanhas (MOLOTOV ZERO e MOLOTOV II). Análises de retrotrajetórias do modelo de transporte HYSPLIT explicam de forma satisfatória a presença de aerossóis de queima de biomassa na atmosfera localmente e sua origem, contudo, não há boa correlação entre retrotrajetórias e as fontes de poeira saariana que explique sua presença em latitudes mais ao sul como a de Natal e em baixas altitudes, indicando que, possivelmente, eventos como a ZCIT tem influência nesse mecanismo. Os dados da pesquisa também foram correlacionados com os do satélite CALIPSO e sistema CATS (embarcado na Estação Espacial Internacional), indicando a presença de aressóis compatíveis, em alguns casos, com as detectadas com o DUSTER em solo.