PRODUTIVIDADE E INFLUÊNCIA DA VARIABILIDADE CLIMÁTICA NOS MUNICÍPIOS PRODUTORES DE MILHO E FEIJÃO E MANDIOCA DO RIO GRANDE DO NORTE
Produtividade agrícola. Extremos climáticos. Séries Temporais. Estudo de caso.
A compreensão da influência climática sobre o rendimento (produtividade) agrícola de famílias com atividade econômica na agricultura familiar pode ajudar no desempenho de práticas no campo e políticas para reduzir a vulnerabilidade relacionada ao clima. Nesta perspectiva este projeto tem como objetivo analisar associações entre variabilidade climática e a produtividade agrícola do milho, feijão e mandioca nas microrregiões do Rio Grande do Norte (1980 a 2013). Ademais, pretende-se no presente estudo realizar um levantamento de dados primários com o objetivo de identificar as percepções dos agricultores que lidam com atividade de produção familiar sobre a mudança climática, seus impactos nos aspectos sociais e econômicos. Este estudo de caso será realizado em duas comunidades rurais que vivem da agricultura familiar no estado do Rio Grande do Norte. Serão selecionadas comunidades rurais nos municípios reconhecidamente caracterizados por serem populações em risco climático (baixas precipitações) e em situação de vulnerabilidade (sustentabilidade e adaptação). Neste contexto, para mensurar a questão do risco climático, será realizado um estudo comparativo entre as climatologias de dois períodos no tempo (1980 a 1996 e 1997 a 2013). Quanto à situação da vulnerabilidade social, as populações das áreas consideradas serão caracterizadas levando-se em conta os dados socioeconômicos e demográficos. Duas bases de dados meteorológicos serão utilizadas: i) dados diários de precipitação, descrito por Xavier et al (2015); ii) além do banco dados de produtividade agrícola (milho, feijão e mandioca) anual, levantadas de Censos Agropecuários, disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Serão empregados no trabalho vários métodos estatísticos, tais como: estatística descritiva, análise de séries temporais e correlações de Pearson além da utilização do software RClindex para cálculo de indicadores climáticos. Os resultados preliminares mostram que: (1) Aumento de chuvas intensas (acima do percentil 95) e de pouca duração (menor que um dia) nas microrregiões do Oeste Potiguar, também foi observado aumento significativo de dias consecutivos secos (precipitação abaixo de 1 mm) para algumas das microrregiões do Agreste e Central Potiguar. Já para as microrregiões do Litoral Potiguar é possível observar tendências significativas e crescentes para precipitação anual de dias úmidos e extremamente úmidos; (2) As produtividades do milho e feijão crescem, significativamente, nas microrregiões: Baixa Verde, Chapada do Apodi, Litoral Nordeste, Litoral Sul, Macaíba, Macau, Médio Oeste, Mossoró, destacam-se, porém, as microrregiões do Seridó Ocidental, Seridó Oriental e Serra de Santana por apresentarem tendências crescentes somente para o feijão. Já para a cultura da mandioca apresenta tendência crescente de produtividade para as microrregiões: Agreste Potigar, Baixa Verde, Litoral Nordeste, Litoral Sul, Macaíba, Macau, Médio Oeste, Natal, Pau dos Ferros e Serra de Santana. (3) As precipitações médias mensais de dois períodos de estudo mostram mudanças dos padrões e atrasos dos meses chuvosos, além de maiores concentrações diárias de precipitação para algumas microrregiões.