Análise de grafos de textos literários: investigação de traços psicóticos
Estudos recentes em psiquiatria computacional (Mota et al., 2012; Mota et al., 2014) apontam diferenças estruturais significativas entre os discursos de pacientes com psicose e de sujeitos controles saudáveis. A análise de grafos de entrevistas destes sujeitos permite quantificar sintomas da psicose esquizofrênica, caracterizada por fala pobre, desconectada, repetitiva e com baixa conectividade entre as palavras.
Nos anos 1970, Julian Jaynes propôs que a psicose é um traço ancestral da mente humana, socialmente prevalente até cerca de 1.000 anos a.C. A fim de investigar esta hipótese, realizamos análise de grafos de 227 textos antigos, de 3000 a.C. a 1500 d.C., bem como de 10 personalidades classificadas como psicóticas ao longo da história contemporânea. A análise de grafos de seis diferentes culturas da Eurásia revela um padrão de aumento da riqueza de palavras e da conectividade, com diminuição das recorrências ao longo do tempo. A análise de obras literárias e cartas de indivíduos diagnosticados como esquizofrênicos revela também alguns dos mesmos padrões de baixa conectividade. Os resultados são compatíveis com a teoria de que a psicose é um traço ancestral da espécie humana.
Teoria dos Grafos; Mente Bicameral; Psicoses