COMUNICAÇÃO INSURGENTE E HISTÓRIAS DE VIDA EM ESPAÇOS-TEMPOS COMUNITÁRIOS: o movimento e vivência temporal em “lagoas do norte pra quem?”
Comunicação popular insurgente; Decolonialidade e Contra colonialidade; Atingidos pelo Programa Lagoas do Norte; Cidade.
Esta tese é fruto de uma longa caminhada emaranhada na peleja de comunidades que enfrentam o modelo desenvolvimentista e excludente de cidade incorporado pelo Programa Lagoas do Norte (PLN). Programa dito urbanístico que vem desapropriando centenas de famílias ao longo dos rios Parnaíba e Poty, dos arredores das lagoas da zona norte da capital do Piauí, Teresina. Em meio às táticas e estratégias desferidas em defesa do território, propomos lançar um olhar nas formas comunicativas da população local, que por sua vez nos apresentam um vasto conhecimento, nos convidam a co-criar outras comunicações possíveis desde os setores subalternizados, que guardam ciências e tecnologias ancestrais. O objetivo é analisar a comunicação insurgente e popular junto aos saberes e práticas dos atingidos do Programa Lagoas do Norte em defesa do direito à cidade. Para tanto, propomos mapear as comunicações de Esperanças junto aos atingidos/as pelo Programa Lagoas do Norte desde os processos comunicativos subjacentes às práticas de auto-organização em defesa do direito à cidade, com recorte territorial na Av. Boa Esperança; identificar aspectos da comunicação que enunciem esperanças para a comunidade ameaçada; discutir história/memória da comunidade e descrever os fundamentos das sabedorias comunitárias – tendo como força motriz as filosofias do bem viver e Ubuntu – dos processos de comunicação popular e insurgente. Para alcançar nossos objetivos apostamos na abordagem transmetodológica (EFENDY, 2016), construindo um método-caminhada inspirando-se nos passos latino americanos, pois se dispõe a decolonizar a ciência cartesiana, pondo no lugar o modelo da conversidade (FLEURI, 2019) e da Produção Horizontal do Conhecimento (PHC) (BERKIN, 2019), tecendo diálogos com a oralidade e as histórias de vida para mapear os processos comunicativos de esperança. Neste percurso caminhamos com autores como Bispo dos Santos (2015); Quijano (2013); Villanueva (2017; 2018); Krenak (2019); Romase (1999); Mignolo (2017); Berkin (2019); Martin-Barbero (2002); Sodré (2019; 2006; 2002).