O lugar do adolescente na mídia independente brasileira: uma análise sobre a produção de cinco organizações jornalísticas
Jornalismo independente; internet; adolescentes; participação midiática; práticas sociais
Fenômeno exponencial cuja eclosão, em várias partes do mundo, apresenta-se como alternativas ao declínio da indústria jornalística (SALAVERRÍA, 2019), o jornalismo independente tenta se firmar, no Brasil, como espaços de práticas democráticas e discursos contra-hegemônicos através de narrativas plurais. Em todas as regiões do país, plataformas online buscam resgatar a credibilidade perdida (LACERDA, 2016) e oferecer à sociedade conteúdo de maior profundidades apurativa e temática. Entretanto, estes espaços, tão propícios à experimentação e a novos modos de fazer, tendem a seguir a regra de uma mídia adultizada, com um olhar ainda superficial e, muitas vezes, inexistente para o público infanto-juvenil. A partir dos métodos de observação sistemática e análise de conteúdo, este trabalho se debruça sobre a produção de cinco plataformas referências na mídia independente brasileira: Agência Pública; Marco Zero Conteúdo; Nós, Mulheres da Periferia; Revista AzMina e Agência Jovem de Notícias. No recorte temporal de um ano, investigamos se há lugar para adolescentes nos estratos da prática jornalística dos portais. Os resultados preliminares nos demonstraram o quão escassa é esta presença, numa perpetuação daquele abismo relacional entre jornalistas e adolescentes tão visível nos veículos da chamada mídia tradicional. E, para além da participação dos mais jovens na produção jornalística, consideramos primordial que estas novas plataformas de jornalismo repensem formatos e estratégias de atração do público adolescente para seus conteúdos. Refletir sobre o fomento desses novos leitores - cada vez mais atraídos por imagens audiovisuais - é salvaguardar não só a audiência, mas o futuro do bom jornalismo.