BRANCAS, MAGRAS, SENSUAIS, PASSIVAS E PROFISSIONAIS: MULHERES OBJETIFICADAS NOS OUTDOORS EM NATAL-RN
Publicidade. Outdoor. Gênero. Mulher. Corpo.
A mídia desempenha uma função conformadora de muitas imagens que são socializadas entre os indivíduos, supervalorizando certos padrões estéticos e contribuindo para a difusão massiva de modelos de corpos a serem alcançados. O corpo feminino não escapa a essas lógicas de consumo, é publicizado como apêndice de produto, atrator dos olhares dos observadores. A representação imagética do gênero feminino na publicidade urbana em Natal (Rio Grande do Norte) por meio de outdoors se insere nessa perspectiva. Observei os outdoors veiculados em seis das principais avenidas dessa cidade, tendo como interlocutores fundamentais estudiosos que discutem os fenômenos da mídia em suas dimensões semiótica, histórica e cultural – como Baitello Junior (2014), Guimarães (2004) e Flusser (2008); os recursos analíticos da semiótica e imagem – como Dondis (1997), Perez (2016) e Joly (1996); questões de gênero e construção do feminino – como Beauvoir (2016), Butler (2017), Scott (1995) e Bourdieu (2017); o corpo como mídia, como linguagem que se utiliza do corpo como signo – como Santaella (2004), Sant’Ana (2001), Campello (1995) e Rector (1990); a publicidade como difusora de representações ideologizadas e estereótipos sociais, estudos sobre a sociedade do consumo – como Lessa (2005), Mota-Ribeiro (2005), Januário (2016), Bauman (2008), Baudrillard (2010), Lipovetsky (2000), Berger (1972), Goffman (1987) e Carvalho (2000). Como resultado da pesquisa, concluo que a publicidade natalense em outdoors constrói um padrão estereotipado de como a mulher e o corpo feminino devem ser representados. Este padrão se manifesta em sete categorias: i) corpo subordinado; ii) corpo observante e observado; iii) corpo em movimento; iv) corpo profissional; v) corpo hierárquico; vi) corpo em contato com outro; vii) corpo belo e erótico. Concluo que a imagem da mulher continua sendo mais explorada que a do homem pela publicidade externa de Natal; que os padrões que se mantém são de corpos magros com medidas inatingíveis pela maioria das mulheres e que não as contemplam; que houve pouca representação das minorias (negras e idosas), e nenhuma representação de mulheres com alguma dificiência fisíca; que o setor de mercado que mais utiliza mulheres em seus anúncios é o da educação; que a maior parte das categorias propostas representa a mulher independente e associada à vida pública, mas também assumindo papéis que lhe são destinados culturalmente, como o casamento; que as mulheres aparecem, geralmente, sorridentes, olhando para o observador, passivas e vestidas, mas convidando à leitura dos seus corpos como objeto de desejo; que o corpo feminino é hegemonicamente apresentado na cena pública conforme os padrões estéticos de subalternidade e objetificação.