AVALIAÇÃO DE POLIMORFISMOS EM GENES RELACIONADOS À RESPOSTA IMUNE NO MIELOMA MÚLTIPLO
mieloma múltiplo, polimorfismos, citocinas.
Avaliação de polimorfismos em genes relacionados à resposta imune no mieloma múltiplo.
Introdução: O Mieloma Múltiplo (MM) é uma neoplasia de células plasmáticas caracterizada por anemia, dores ósseas e infecções recorrentes. Os polimorfismos de genes do sistema imune envolvidos em vias relacionadas à proliferação, sobrevivência e imunoescape dos tumores têm atraído considerável interesse como potenciais alvos clínico-terapêuticos. Objetivo: Investigar o papel dos polimorfismos nos genes da lectina ligadora de manose (MBL2), receptor tipo toll (TLR)-4, fator de transformação e crescimento tumoral (TGF)-β, interleucina-1α (IL1α) e o antagonista do receptor de IL-1 (IL1RN), IL6, IL10, IL17, antígeno 4 associado a células T citotóxicas (CTLA4) e do gene supressor de tumor tp53 na apresentação clínica e resposta terapêutica de pacientes com MM. Metódos: Foi conduzido um estudo descritivo em um grupo 65 casos de MM de Natal-RN e um estudo retrospectivo observacional e longitudinal em um subgrupo de 47 pacientes analisados quanto aos polimorfismos genéticos. Os polimorfismos de base única (SNPs) CTLA4 [rs231775 (+49A/G) e rs3087243 (CT60)], IL10 [rs1800896 (-1082A/G) e rs1800872 (-592C/A)] e IL1α [rs1800587 (-889G/A)] foram genotipados pelo método TaqMan. Regiões promotoras e exons foram sequenciados nos genes IL17A, TGFβ, TP53 e TLR4. A variação no número de repetições in tandem (VNTR) de 86-pb no íntron 2 do gene IL1RN foi avaliada por PCR convencional e o polimorfismo -174C/G da IL6 por PCR alelo-específica (AS-PCR). As associações com parâmetros clínicos e resposta terapêutica foram avaliadas por testes de χ² e Fisher. A análise da sobrevida global (SG) e livre de progressão (SLP) foi realizada pelo método de log-rank e a curva Kaplan-Meier. Resultados: A mediana de idade do grupo total foi de 64a (M/F = 0.6). Foram associados com o comprometimento renal o haplótipo IL10 ATA (p=0,024) e os genótipos TGFβ +29TT (p=0,02) e IL17A -444AA (p=0,042); com doença óssea em mais de três sítios e presença de plamocitoma, o genótipo IL1RN A1/A1 (p=0,028 e 0,044); com a maior incidência de infecções, os genótipos IL1RN A1A1/A1A2 (p=0,035) e IL1α -889AA/AG (p=0,005); e com a maior gravidade da infecção, o genótipo IL17A -444AA (p=0,018). Piores respostas terapêuticas foram atingidas pelos pacientes portadores do haplótipo IL10 ATA (p=0,034). A SG foi positivamente impactada pelo genótipo IL17A -197GG (p=0,006). As mulheres obtiveram o dobro do tempo de sobrevida em relação aos homens (p=0,002). A SLP foi pior nos portadores dos genótipos IL1α -889AA (p=0,017), TGFβ +29TT (p=0,005) e pacientes com doença óssea em mais de três sítios (p=0,033). TGFβ (+29C/T) manteve o impacto prognóstico na regressão de COX (p=0,016). Os polimorfismos de TLR4, MBL2, CTLA4, TP53 e IL6 não mostraram impacto nas características clínicas avaliadas. Conclusão: Polimorfismos genéticos de citocinas inflamatórias foram relacionados ao comprometimento renal, doença óssea, incidência e gravidade das infecções. A sobrevida inferior foi influenciada por um backgroud genético que parece predispor os pacientes a produzirem mais IL1-α, TGF-β e IL-17. A replicação destes resultados em estudos com maior número de casos se faz necessária a fim de se validar os principais achados.