TRÊS ENSAIOS EM ECONOMIA REGIONAL
Economia Regional. Crescimento Econômico. Emprego. Causação Cumulativa.
O presente trabalho é um conjunto de três ensaios independentes em economia regional. O primeiro ensaio tem como objetivo fornecer uma compreensão teórica do fenômeno do crescimento e desigualdade regional a partir da abordagem da causação cumulativa. É apresentado um modelo de crescimento liderado pela demanda agregada com a operação de retornos crescentes dinâmicos, em um primeiro momento é apresentado o mecanismo proposto por Kaldor (1970) e formalizado por Dixon e Thirlwall (1975), em que o crescimento econômico é liderado pelas exportações e a partir delas se desencadeia um processo de autorreforço desse, induzindo aumentos endógenos de produtividade do trabalho que, por sua vez, permitem uma redução no nível de preços que reforçam vantagens comerciais da região. Uma alternativa para a compreensão da causação cumulativa se apresenta quando admitimos a existência de gastos autônomos domésticos, seguindo Lourenço (2015), também capazes de desencadear processos de autorreforço pela via do crescimento endógeno de produtividade, afetando as vantagens comerciais da região, inclusive por competição não relacionadas ao fator preço. Essa alternativa muda substancialmente a compreensão do fenômeno do crescimento econômico regional. Por último discutimos a importância dos diferenciais na capacidade de indução de progresso técnico através das regiões como fator limitante do funcionamento expansionista da causação cumulativa historicamente. O segundo ensaio tem como objetivo verificar as diferenças na capacidade das economias dos estados brasileiros gerarem emprego frente as suas performances de crescimento do produto agregado. O período analisado são os anos correspondentes a parte ascendente do ciclo econômico entre 2002-2014, também é analisado o período posterior de crise e quase estagnação entre 2014 e 2019. Foram estimadas as elasticidades emprego do crescimento econômico a partir de regressões usando dados em painel, os dados de emprego utilizados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e do nível de produto foram usados os dados compilados pelo Instituto Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Os resultados demonstram que os estados da Região Norte do país, salvo exceções pontuais, tendem a ter maior capacidade de incorporar emprego em suas economias, enquanto economias das outras regiões cresceram em um regime que priorizou o avanço da produtividade do trabalho. Durante o período de crise essas relações se alteraram significativamente sem um padrão dominante entre as regiões. Foi demonstrado que apesar de possuírem maior capacidade de geração de emprego a partir do crescimento essa dinamicidade observada entre 2002 e2014, interrompida pela crise, não foi capaz de criar tendências de redução do desemprego nos estados do Norte e Nordeste como observado nos estados das demais regiões do país, indicando que ainda que possam recuperar o nível de produto que obtinham em 2014 não será suficiente para começar a reduzir o nível de desemprego.