Comparação Clínica e Citológica em Amostras Cérvicovaginais: contribuição no diagnóstico de vulvovaginites e rastreio do câncer do colo do útero no município de São Pedro/RN
Vulvovaginites. Coloração de Gram. Método a fresco. Papanicolau. Fluxo vaginal.
A microbiota vaginal, diferentemente da maioria dos outros locais do corpo, é muito dinâmica e é caracterizada por perturbações temporais que são influenciadas pelo desenvolvimento e relações sexuais, higiene pessoal, menstruação e níveis hormonais. Estimou-se que as infecções vaginais, sozinhas, representam acima de 10% das visitas de pacientes ao provedor de cuidados de saúde das mulheres. As causas mais comuns de vulvovaginite infecciosa são candidíase vulvovaginal, vaginose bacteriana e tricomoníase. O diagnóstico presuntivo de infecções do trato genital inferior leva invariavelmente a um número significativo de mulheres sendo diagnosticadas erroneamente ou sem diagnóstico adequado. Esta imprecisão é também acompanhada por um número significativo de mulheres que são tratadas e rotuladas com infecção presumida que, de fato, não estão infectados com os patógenos suspeitos. Nessa perspectiva, o objetivo principal deste trabalho é identificar o método mais adequado para o diagnóstico das principais vulvovaginites infeciosas dentre três técnicas distintas: coloração de GRAM, método a fresco e o teste de Papanicolaou. Para isso, foi realizado um estudo transversal descritivo com as amostras cervico-vaginais de 215 mulheres adultas do município de São Pedro/RN. Das 215 pacientes avaliadas por estudos de microscopia direta (método a fresco e coloração de Gram) do fluxo vaginal, encontramos prevalência de Candida spp. em 24,7%, 20% para vaginose bacteriana e 1,9% para T. vaginalis. Verificamos que a sensibilidade do exame de Papanicolaou para Candida spp. foi de 58,5%, 69,8% para vaginose bacteriana e 75% para T. vaginalis. A especificidade para Candida spp. foi de 95,1%, 97,7% para vaginose bacteriana e 99,1% para T. vaginalis. O VPP para Candida spp. foi de 79,5%, 88,2% para vaginose bacteriana e 60% para T. vaginalis. O VPN para Candida spp. foi de 87,5%, 92,8% para vaginose bacteriana e 99,5% para T. vaginalis. Os achados desse trabalho tem potencial para auxiliar tomadas de decisões dos gestores públicos sobre possíveis medidas preventivas levando em conta o diagnóstico clínico e as técnicas avaliadas.