ESTUDO DA FREQUÊNCIA DE ENTEROBACTÉRIAS PRODUTORAS DE BETA-LACTAMASES NO ESTADO DO RN
ENTEROBACTÉRIAS, BETA-LACTAMASES, RN
A resistência bacteriana é um problema de saúde pública crescente em todo o mundo e a disseminação dos genes de resistência aos antimicrobianos compreende uma preocupação recorrente. Diante dessa realidade alarmante, a família Enteorobacteriaceae figura como um dos protagonistas em nosso país não só pela frequência com que seus representantes são isolados, mas também pela evolução no que tange a resistência ao antimicrobianos, prinicpalmente quando direcionada aos β-lactâmicos pela produção enzimática de β-lactamases de espectro ampliado (ESBLs e carbapenemases). Para o controle e tratamento adequado do paciente, dados locais são fundamentais e pensando nisso optou-se em realizar um estudo inédito e preliminar no munícipio de Natal/RN, cujo objeto principal foi avaliar a ocorrência fenotípica e genotípica de β-lactamases de espectro estendido (ESBL) e carbapenemases do tipo KPC em enterobactérias obtidas de amostras clínicas oriundas de três centros de referência em saúde. Duzentas enterobactérias oriundas de diversos sítios biológicos foram coletadas durante o período compreendido entre abril de 2012 e agosto de 2013 e submetidas em laboratório a análises fenotípicas confirmatórias (técnica de disco aproximação de Jarlier e teste de Hodge modificado) e moleculares para a identifiação dos genes de resistência blaTEM, blaSHV, blaCTX-M e blaKPC. Dessas duzentas enterobactérias, 73 (36,5%) foram confirmadas como produtoras de ESBL, das quais mais da metade pertenceram as espécies Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli. Outras espécies menos frequentes como Enteroboacter cloacae, Enterobacter aerogenes, Citrobacter freundii, Providencia stuartti também expressaram o mesmo fenótipo. As análises moleculares através de PCR indicaram que 87,5% dos 73 isolados fenotipicamente confirmados como ESBL albergavam o gene blaCTX-M, 43% amplificaram o gene blaSHV 37,5% o gene blaTEM. Quanto a produção de carbapenemases, 7 (9,5%) foram positivas para o teste de Hodge Modificado (MHT), todas pertencentes a espécie Klebsiella pneumoniae, porém apenas 5 delas confirmaram a presença do gene blaKPC. Mais de 50% das enterobactérias multiresistentes albergaram os genes blaESBL de forma associada. 26 espécies de Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae positivas para o gene blaCTX-M (mais prevalente) foram submetidas a análises de similaridade através da técnica de Eletroforese em Gel de Campo Pulsado (PFGE) e isolados com coeficiente de Dice superiores ou iguais a 80% foram considerados clonais. Foram encontrados 5 perfis de fragmentação clonal do DNA cromossomal para as cepas de E.coli 12 perfis de fragmentação cromossomal para as cepas de K.pneumoniae. Por tratar-se de um estudo preliminar, espera-se que esses resultados possam ser ampliados e utilizados como referência a nível municipal no que tange a multiresistência desse grupo de microrganismos.