Avaliação das atividades antimalárica e antitoxoplasma dos compostos com-plexados obtidos da Bidens pilosa (Asteraceae)
Malária; Toxoplasmose; Bidens pilosa; Plasmodium
As doenças parasitárias afetam centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, matando milhões dessas todos os anos. A malária e a toxoplasmose são as principais doenças parasitárias do mundo, a primeira é causada pelo Plasmodium, um parasito constantemente ligado a casos de resistência aos tratamentos convencionais, a segunda é uma protozoonose de prevalência mundial causada pelo Toxoplasma gondii, que tem em seu tratamento uma importante causa de efeitos adversos. A natureza e principalmente as plantas vem nos fornecendo compostos medicinais a milhares de anos, sendo ela a principal fonte de isolamento de moléculas bioativas de baixo peso molecular. A Bidens pilosa, uma planta muito conhecida na etnofarmacologia devido a sua vasta utilização por povos indígenas brasileiros. Recentemente a Bidens pilosa teve sua ação antimalárica comprovada, entretanto, suas moléculas bioativas se mostraram lábeis e por isso surgiu a necessidade de estabilizar essas moléculas utilizando-se excipientes farmacológicos. Sendo assim, nosso objetivo é avaliar o potencial antiparasitário dos extratos complexados obtidos da Bidens pilosa utilizando modelos de malária e toxoplasmose, bem como a segurança da utilização desses novos extratos. Para isso foram feitos testes de citotoxicidade (MTT) com a célula Hela S5 (1x104 células/poço) com os extratos bruto (Bp.Ra.Liof) e complexados (Bp.Ra.Bc e Bp.Ra.At) da raiz de Bidens pilosa nas concentrações que variaram de 5000 a 80 µg/ml. Toxicidade aguda in vivo, seguindo o protocolo da OECD/OCDE de 2001. Teste in vivo de susceptibilidade da cepa ME49 do Toxoplasma gondii. Os extratos Bp.Ra.Liof., Bp.Ra.Bc e Bp.Ra.At foram utilizados nas concentrações de 200, 300 e 400 mg/kg e o controle com sulfadiazina 200 µg/kg, os animais tiveram mortalidade e a morbidade acompanhadas ao longo de 30 dias. A susceptibilidade do Plasmodium foi avaliada in vitro com o Plasmodium falciparum com os extratos de Bp.Ra.liof (50 a 3,12 µg/ml), Bp.Ra.At. (75 a 4,7 µg/ml) e Bp.Ra.Bc (100 a 6,25 µg/ml) e in vivo com o Plasmodium berghei com os extratos Bp.Ra.Bc (50, 200, 800 mg/kg), Bp.Ra.At (37,5, 150, 600 mg/kg) e Bp.Ra.liof (25, 100, 400 mg/kg). Os testes de citotoxicidade para a célula HeLa S5 e toxicidade aguda in vivo mostraram que todos os extratos testados (Bp.Ra.Liof, Bp.Ra.Bc e Bp.Ra.At) possuem toxicidade baixa e sem diferença significativa entre si. O teste antitoxoplasma mostrou que os extratos não ampliaram de maneira significativa a sobrevida dos animais. Os testes antimaláricos in vivo e in vitro os extratos complexados se mostraram mais eficiência que o extrato bruto tanto na redução da mortalidade no teste in vivo, como também na redução da parasitemia nos testes in vivo e in vitro.