CORRELAÇÃO ENTRE A INFECÇÃO GENITAL PELO VÍRUS DO PAPILOMA HUMANO, A RESPOSTA IMUNE E OS ACHADOS COLPOCITOLÓGICOS EM MULHERES GRÁVIDAS E NÃO GRÁVIDAS.
Vírus do papiloma humano, HPV na gravidez, colposcopia, citologia, citocinas
A infecção genital pelo vírus do papiloma humano (HPV) é muito frequente entre homens e mulheres em todo o mundo, afetando em especial mulheres jovens, constituindo-se em grave problema de saúde pública nas regiões menos desenvolvidas, favorecida pelas condições precárias de vida da população. A citologia oncótica e a colposcopia têm notória importância no diagnóstico das lesões precursoras do câncer do colo uterino e, portanto, na sua prevenção. No entanto, mesmo com a disponibilidade dessas ferramentas diagnósticas o número de mulheres que desenvolvem câncer do colo do útero ainda é elevado. Esse estudo tem por objetivo avaliar a prevalência de infecção do trato genital por HPV, em mulheres grávidas e não grávidas, avaliando o perfil da resposta imune apresentado pelas mulheres desses dois grupos, visando estabelecer correlações entre o perfil de resposta imune, a presença do vírus e ocorrência de lesões da cérvice uterina. Foram incluídas neste estudo 221 pacientes, sendo 91 grávidas e 130 não grávidas, com idade variando de 14 a 72 anos. As mulheres foram submetidas a uma avaliação colpocitológica para a detecção de possíveis alterações na cérvice uterina e em seguida coletados espécimes para análise por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR) convencional para detecção do HPV e PCR em tempo real para detecção de RNA mensageiro (RNA-m) de citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias. A prevalência global da infecção genital pelo HPV, encontrada neste estudo, foi de 28,1%, sendo 31,9% em pacientes grávidas e 25,4% nas não grávidas. As mulheres jovens com até 30 anos e aquelas com baixa escolaridade apresentaram maior risco de ter infecção pelo HPV. A colposcopia apresentou melhor correlação com a detecção do DNA do HPV por PCR, quando comparada à citologia. De um modo geral, as pacientes infectadas pelo HPV, grávidas ou não, apresentaram uma redução da expressão de RNA-m tanto para as citocinas pró-inflamatórias (IFN-γ, TNF-α), quanto para a citocina anti-inflamatória (IL-10) em relação às pacientes não infectadas com HPV. Nas pacientes não grávidas e infectadas, a expressão do RNA-m para IL-17 mostrou-se aumentada nas pacientes sem lesões, enquanto que, aquelas com lesão apresentaram maior expressão do RNA-m para TGF-β. As mulheres grávidas e infectadas pelo HPV e sem lesão, apresentaram aumento na expressão do RNA-m para TGF-β. Não houve diferença de prevalência do HPV entre mulheres grávidas e não grávidas. Observou-se uma redução das citocinas pró-inflamatórias, exceto IL-17, em todas as mulheres infectadas pelo HPV. Por outro lado, se observou um aumento de TGF-β, nas mulheres infectadas pelo HPV grávidas ou não. Os resultados sugerem que, nas mulheres deste estudo, a infecção pelo HPV promoveu uma alteração no perfil de citocinas necessárias para a ativação de uma resposta imune efetiva, possivelmente favorecendo a persistência viral.