ETIOLOGIA E RESISTÊNCIA DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE OTITES EXTERNA EM CÃES
Otite externa canina, resistência aos antimicrobianos, testes de resistência bacteriana
A otite externa canina é uma enfermidade relevante na clínica veterinária. Considerando a elevada frequência de atendimentos de cães com otite externa bacteriana, o presente trabalho teve por objetivo identificar a frequência etiológica da otopatia e traçar o perfil de resistência dos Staphylococcus Meticilina Resistentes (SMR) e enterobactérias produtoras de Beta-Lactamases de Espectro Estendido (ESBL) em pacientes ambulatoriais e de internamento. 140 amostras de exsudato ótico de cães foram submetidas a isolamento primário, testes de susceptibilidade à antimicrobianos e de resistência bacteriana. Os grupos isolados foram: Staphylococcus sp. (122 – 49,38%), Pseudomonas sp. (22 – 8,91%), enterobactérias (19 – 7,69%), Enterococcus sp. (17 – 6,88%) e Acinetobacter sp. (12 – 4,86%). Para os Staphylococcus sp. aplicou-se o Teste D (Disk Test) e o teste de Resistência à Meticilina (Met-25). Nas cepas positivas para o Met-25 foi feita Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para detecção do gene mecA. Para estirpes positivas na PCR foi determinada a Concentração Bactericida Mínima (CBM) do gluconato de clorexidina. Observou-se 14 cepas de SMR (11,47%) e todas continham o gene mecA. 14 Staphylococcus sp. foram teste D positivo. Para os Staphylococcus coagulase positiva (SCP) a CBM foi de 500.000µg/mL (0,5%) enquanto que para os Staphylococcus coagulase negativa (SCN) o valor da CBM foi de 62.500µg/mL (0,0625%). Detectou-se 3 cepas de enterobactérias ESBL. Os antimicrobianos mais efetivos para Staphylococcus sp. foram: Linezolida (100%), Rifampicina (94,26%), Cloranfenicol (92,62%), Cefoxitina (88,53%), Gentamicina (81,15%), Levofloxacina (79,51%), Eritromicina (74,59%) e Clindamicina (72,95%). Para Pseudomonas sp.: Cefepime (100%), Imipenem (100%), Meropenem (100%), Tobramicina (100%), Levofloxacina (100%), Ceftazidima (95,46%), Aztreonam (95,46%) e Amoxicilina com Clavulanato (95,46%); Para as enterobactérias: Ertapenem (100%), Imipenem (100%), Cefotaxima (84,21%), Ceftazidima (84,21%) Cefepime (84,21%), Aztreonam (84,21%), Amoxicilina com Clavulanato (84,21%), Levofloxacina (84,21%), Cloranfenicol (84,21%), Sulfametoxazol com Trimetoprima (78,95%), Cefoxitina (73,68%), Tobramicina (73,68%) e Amicacina (73,68%). Para Enterococcus sp.: Cloranfenicol (100%), Linezolida (94,12%), Vancomicina (88,24%), Levofloxacina (88,24%), Penicilina (76,47%), Eritromicina (76,47%) e Ampicilina (76,47%). Para Acinetobacter sp.: Imipenem (100%), Meropenem (100%), Piperacilina com Tazobactam (91,67%), Ticarcilina com Clavulanato (91,67%), Ceftazidima (91,67%), Ceftriaxona (91,67%), Cefepime (91,67%), Tobramicina (91,67%), Amicacina (91,67%), Levofloxacina (83,33%) e Sulfametoxazol com Trimetoprima (75%). Apesar do gene mecA e de enterobactérias produtoras de ESBL terem baixa ocorrência neste estudo, existe a necessidade de um monitoramento constante em cepas isoladas de animais domésticos. Cultura bacteriológica e os testes de suscetibilidade aos agentes antimicrobianos são de grande importância na rotina clínica veterinária para garantir o sucesso do tratamento de infecções otológicas caninas.