Avaliação dos efeitos da retirada do etanol em curto e longo prazo sobre respostas comportamentais relacionadas à ansiedade e sobre células imunorreativas para a serotonina no núcleo dorsal da rafe em ratas.
etanol, abstinência, ansiedade, labirinto em cruz elevado, imunoistoquímica, serotonina, núcleo dorsal da rafe.
Indivíduos dependentes de etanol, ao reduzirem ou cessarem seu consumo, apresentam um conjunto de sinais e sintomas, dentre eles, alguns relacionados à ansiedade. Para um melhor entendimento das bases neurais envolvidas com a ansiedade na abstinência, ensaios pré-clínicos vêm utilizando modelos de consumo de etanol seguido de retirada em ratos submetidos a distintos testes de ansiedade, dentre eles, o labirinto em cruz elevado. O presente estudo teve por objetivo investigar se a retirada do etanol em curto e longo prazo promoveria alterações comportamentais sugestivas de ansiedade no teste do labirinto em cruz elevado (LCE) e no teste do campo aberto (CA) e, ainda, se influenciaria o número de células imunorreativas para a serotonina no núcleo dorsal da rafe (NDR), fonte de inervação serotonérgica ascendente relacionada à ansiedade. Ratas Wistar com aproximadamente 90 dias de vida foram submetidas a concentrações crescentes de etanol como única fonte de dieta líquida (2% durante os três primeiros dias, seguido de 4% durante três dias e 6% durante 15 dias) ou água (grupo controle), ambos com livre acesso à ração. Na etapa comportamental, no 21º dia de consumo, o etanol foi substituído por água (retirada) e, após 72 horas ou 21 dias de retirada, os animais controle e submetidos à retirada foram expostos ao teste do LCE, onde foram avaliadas as porcentagens de tempo gasto e de entradas nos braços abertos e o número de entradas nos braços fechados durante 5 minutos. Vinte e quatro horas após o teste no LCE, os animais foram submetidos ao teste do CA por 15 minutos. Durante este período avaliou-se a distância total percorrida pelos animais e durante os 5 minutos iniciais foram avaliados o tempo, a distância e o número de entradas no centro do aparato. Na etapa imunoistoquímica, os encéfalos de animais submetidos ao consumo de etanol por 21 dias, seguidos ou não de retirada de 72 horas e 21 dias, e seus controles foram submetidos à técnica da imunoistoquímica para detectar células imunorreativas para a serotonina (5-HT-IR) nas porções dorsal e caudal do NDR. Os dados comportamentais mostraram que tanto a retirada do etanol em curto prazo, quanto em longo prazo diminuiu a exploração dos braços abertos do LCE. No teste do CA não foram observadas alterações na locomoção no período de 15 minutos, porém, no mesmo teste, durante os 5 primeiros minutos observou-se efeito do tipo ansiogênico nos animais submetidos à 22 dias de retirada do etanol. Na etapa imunoistoquímica, não foram observadas diferenças na contagem de células 5-HT-IR nas porções dorsal e caudal do NDR dos animais submetidos à retirada em curto e longo prazo do etanol, em relação ao controle. No entanto, o consumo do etanol por 21 dias reduziu a contagem de células 5-HT-IR na região dorsal deste núcleo. Em conjunto, os dados aqui obtidos demonstram um efeito do tipo ansiogênico promovido pela retirada em curto e longo prazo do etanol não relacionado a alterações na marcação de serotonina nas porções dorsal e caudal do NDR.