CULTURAS DE VIGILÂNCIA DE RESISTÊNCIA DE PACIENTES INTERNOS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA DOS HOSPITAIS LIGADOS À UFRN
Culturas de vigilância; Resistência aos antimicrobianos; Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde; Unidades de Terapia Intensiva; Carbapenêmicos.
As culturas de vigilância epidemiológica são um conjunto de técnicas de isolamento e identificação de microrganismos resistentes aos antimicrobianos em indivíduos colonizados com a finalidade de prevenir surtos e a transmissão destes entre indivíduos. As Unidades de Terapia Intensiva são os locais de maior ocorrência de surtos por bactérias multirresistentes devido à pressão seletiva causada pela antibioticoterapia empregada nos pacientes destas unidades, às condutas de assistência à saúde, como utilização e cateteres e sondas, e o estado debilitado dos pacientes. Neste trabalho, coletamos amostras dos pacientes internos na UTI do hospital estadual referência em doenças infectocontagiosas, em Natal/RN, como o intuito de descriminar as bactérias de maior frequência nesta unidade. Foram coletadas amostras dos sítios retal, axilar e nasal. Em seguida, no Laboratório de Micobactérias (LABMIC)/UFRN, os espécimes foram isolados, identificados e após o perfil de resistência ser determinado, para as cepas resistentes aos carbapenêmicos, foram feitas PCR convencionais para determinar a presença dos genes NDM, IMP-1, IMP-2, VIM-1, VIM-2, OXA-23, 0XA-48, KPC e MCR-1 e determinadas a concentração inibitória mínima (CIM) destes frente aos antibióticos Imipenem e Polimixina B. Para as bactérias resistentes à Oxacilina, a determinação da CIM para a Vancomicina foi procedida por Etest®. De 24 pacientes coletados no período entre agosto de 2018 e março de 2019, foram isoladas e identificadas 62 bactérias com perfil de resistência, sendo 48 (77%) bacilos Gram-negativos (BGN) e 14 (23%) cocos Gram-positivos (CGP). Dentre os BGN, 54% foram produtores de beta-lactamases de espectro estendido. Todos os CGP (100%) foram resistentes a Oxacilina. No Etest® para Vancomicina, nenhum CGP foi resistente. Dezenove amostras (09 Pseudomonas aeruginosa, 06 Acinetobacter spp. e 04 Klebsiella pneumoniae) apresentaram resistência aos carbapenêmicos e a CIM destes para o Imipenem demonstrou 94,7% de resistência e a CIM da Polimixina B, 04 P. aeruginosa e 02 Acinetobacter spp., (31,6%) foram resistentes e 03 P. aeruginosa (15,8%) tiveram sensibilidade intermediária. Quanto aos genes de resistência aos carbapenêmicos, o gene blaNDM-1 foi expresso por 04 (21%) das amostras, sendo 01 K. pneumoniae, 01 Acinetobacter spp. e 02 P. aeruginosa e o gene blaKPC por 08 (42,1%) amostras: 03 K.pneumoniae, 04 P. aeruginosa e 01 Acinetobacter spp. Os demais genes não foram expressos por nenhum dos isolados. O gene MCR-1, de resistência à Polimixina B, também não foi expresso por nenhuma das amostras. As cepas encontradas neste estudo são responsáveis por falhas terapêuticas severas, aumento da morbimortalidade dos pacientes e demonstram a complexidade da problemática da resistência bacteriana. Deste modo, este trabalho denota a necessidade de medidas de contenção dos microrganismos que causam as IRAS e visa contribuir para o aprimoramento das condutas de vigilância na UTI, auxiliando na prevenção e controle de transmissão de bactérias multirresistentes e no estabelecimento de ações de controle de surtos e infecções nestas unidades.