PROSPECÇÃO DE BIOATIVIDADE PARA EXTRATOS PEPTÍDICOS DAS SEMENTES DE
ERYTHRINA VELUTINA E AMBURANA CEARENSIS
Cumaru, mulungu, antimicrobianos, Callosobruchus maculatus, Aedes aegypti, larvicida.
As plantas estão sujeitas constantemente a estresses do ambiente, microrganismos e insetos herbívoros, o que, ao longo do processo evolutivo, favoreceu o desenvolvimento mecanismos constitutivos ou induzidos para garantir defesa ao vegetal. Dentre as moléculas de defesa das plantas podem ser destacadas os peptídeos antimicrobianos, que já são empregados em diversos estudos. Os peptídeos antimicrobianos estão presentes em diversos órgãos das plantas, porém são encontrados em maior quantidade em tecidos de reserva, como as em sementes de leguminosas. Essas moléculas bioativas representam uma alternativa para tratamento de infecções microbianas, como também controle de insetos praga e vetor, pois o uso de antibióticos e inseticidas convencionais pode acelerar ou desencadear a seleção de microrganismos e insetos resistentes. Sendo assim, esse trabalho propõe a prospecção de proteínas e peptídeos antimicrobianos de sementes de Erythrina velutina e Amburana cearensis, duas espécies nativas do bioma caatinga, que ainda é pouco explorado quanto ao potencial biológico de suas espécies. As sementes de cada espécie foram separadas em tegumento e cotilédones, a fim de se produzir quatro extratos diferentes. Para obtenção da fração peptídica foram realizadas duas precipitações, uma a 90% com sulfato de amônio e outra por aquecimento, a 80 °C / 15’. Em seguida em um gel de poliacrilamida 15% foi observado o perfil eletroforético, que mostrou a presença de polipeptídeos a partir de 97 kDa como também peptídeos abaixo de 18 kDa. Foi realizado um ensaio para avaliar a atividade inibitória dos extratos para tripsina, sendo 99,08% para cotilédone de cumaru; 89,91% para cotilédone de mulungu e 68,35 % e 63,30% para tegumento de Cumaru e Mulungu, respectivamente. Também foi avaliado o potencial antimicrobiano de cada extrato para fungos fitopatógenos: Alternaria alternata, Macrophomina phaseolina, Monosporascus cannoballus e Rhizotonia solani por dois métodos: disco difusão (variação poço) e diluição em ágar. Para as bactérias: Escherichia coli e Staphylococus aureus uma microdiluição foi realizada. Os extratos não apresentaram potencial antimicrobiano para os fungos e bactérias, nas condições de avaliação utilizadas. Ao avaliar o potencial larvicida dos extratos peptídicos de cotilédone de cumaru e cotilédone de mulungu em dieta artificial para a praga do feijão Caupi, Callosobruchus maculatus, observamos que o extrato de cotilédone de cumaru a partir de 1,6% já foi capaz de reduzir a massa das larvas, comprometendo seu crescimento e sobrevivência. Para os extratos de cotilédone de mulungu não foram observadas larvas desde a concentração de 0,1%. Os extratos também foram avaliados quanto ao seu potencial larvicida para o inseto vetor Aedes aegypti, onde extratos de cotilédones de cumaru causou mortalidade de 100% para L1 nas concentrações de 5 mg/mL e 10 mg/mL em 24 horas de incubação. O extrato de cotilédones de mulungu apresentou uma mortalidade média de 33,33% em 48 horas. O extrato de tegumento de cumaru a 2 mg/mL promoveu a mortalidade de 71,66% das larvas e tegumento de mulungu 18,33%. As proteínas e peptídeos obtidos não apresentaram atividade antimicrobiana, porém os extratos de ambas as sementes são ricas fontes de moléculas, peptídeos e proteínas bioativas com potencial larvicida, que devem ser melhor investigados para identificação da molécula e associação ao mecanismo de ação contra as duas espécies de insetos.