CUIDANDO DO PACIENTE COM DOENÇA DE ALZHEIMER:
O IMPACTO SUBJETIVO DA DOENÇA NO CUIDADOR PRIMÁRIO NO CONTEXTO DA PANDEMIA PELO COVID-19
Cuidador; Doença de Alzheimer; Sobrecarga; Pandemia
Introdução: Com o envelhecimento populacional, aumenta-se a prevalência de doenças que levam ao prejuízo funcional do idoso gerando a necessidade de um cuidador, papel exercido normalmente por um familiar, ou seja, informal. Dentre as doenças que podem levar, inclusive, à incapacidade funcional temos as demências, sendo a mais comum a provável Doença de Alzheimer (DA). O HCoV é responsável por causar a doença COVID-19, sendo caracterizada pela OMS, em março de 2020, como uma pandemia. Assim, medidas de isolamento social foram tomadas, dificultando ainda mais esses cuidados com o idoso com DA. Objetivo: Verificar relação entre o escore total da Caregiver Burden Scale (CBS) e cada uma das suas dimensões e as 1) características dos cuidadores, 2) dos cuidados prestados e 3) das características do idoso com DA no contexto da pandemia pelo COVID-19. Método: Foi realizado um estudo analítico de corte transversal com 40 cuidadores primários de idosos com provável DA atendidos no Centro Especializado de Atenção à Saúde do Idoso (CEASI), na cidade do Natal/RN, Brasil, no período de março de 2020 a março de 2021. Para medir o impacto subjetivo da doença no cuidador primário foi aplicada a CAREGIVER BURDEN SCALE (CBS), instrumento composto por 22 questões, agrupadas em cinco dimensões (Tensão Geral, Isolamento, Decepção, Envolvimento Emocional e Ambiente), sendo maior o impacto subjetivo quanto maior os escores. Foram realizadas análises descritivas simples e inferencionais, por meio dos testes T de Student e ANOVA, seguido do teste de Tukey e o Coeficiente de Correlação de Pearson (r), α=0,05. Resultados: A maioria dos cuidadores foi o sexo feminino (95,0%), com média etária de 52,85 anos e desvio-padrão (DP) de 11,23. A amostra dos pacientes apresentou uma maioria feminina (85,0%), com média etária de 83,60 anos e DP de 7,63. Em relação às características do cuidador, houve correlação negativa significante apenas entre a dimensão Ambiente e a idade (p=0,010; -ρ = 0,405). Houve relações significantes entre a dimensão Envolvimento Emocional e as variáveis relacionadas ao cuidador: estado civil (p=0,008), trabalha ou estuda fora (p=0,042), realiza as tarefas como o auxílio na higiene (p=0,044) e no vestuário (p=0,036); e entre a dimensão Ambiente e o tempo de dedicação ao idoso (p=0,009). Em relação às características do paciente, houve correlação negativa significante entre a dimensão Envolvimento Emocional e a idade (p=0,018; ρ= -0,372) e o número de atividades comprometidas (p=0,023; ρ= -0,0360). Houve relação significante entre a dimensão Isolamento e o estado civil do paciente (p=0,006). Conclusões: No contexto da Pandemia por COVID-19, o impacto subjetivo no cuidador de idosos com provável DA foi considerado relevante. A dimensão mais afetada da CBS foi o Envolvimento Emocional. Os cuidadores mais jovens, que não auxiliam na higiene e no vestuário, com menor tempo de dedicação, que trabalha ou estuda fora e solteiro/divorciado apresentaram maiores escores nas dimensões da CBS. Estes também são maiores quando os pacientes são casados/união estável, e quanto mais jovem o paciente e quanto menor o número de atividades comprometidas do mesmo. Tal conhecimento permite direcionar as orientações interdisciplinares e estratégias no cuidado e terapêuticas, afim de minimizar as dificuldades e a qualidade de vida de todos os envolvidos.