PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA DOPAMINÉRGICO E GABAÉRGICO NO COMPORTAMENTO DE MEDO AVERSIVO EM CAMUNDONGOS INFECTADOS PELO PARASITO Toxoplasma gondii
PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA DOPAMINÉRGICO E GABAÉRGICO NO COMPORTAMENTO DE MEDO AVERSIVO EM CAMUNDONGOS INFECTADOS PELO PARASITO Toxoplasma gondii
O Toxoplasma gondii é um protozoário parasito intracelular obrigatório de alta prevalência no Brasil (até 80%, dependendo da região) e importante causador de doenças em humanos e animais domésticos. Diversos resultados sugerem que este parasito pode manipular o comportamento de seus hospedeiros intermediários, incluindo humanos. Por exemplo, ratos e camundongos infectados cronicamente com o T. gondii apresentam perda seletiva da aversão inata ao odor de felídeos, os hospedeiros definitivos do parasito. Especula-se que esta mudança comportamental seja uma adaptação do parasito para aumentar sua transmissibilidade. Os mecanismos proximais responsáveis por este comportamento ainda não foram elucidados, mas sabe-se que o T. gondii apresenta um tropismo preferencial por algumas regiões do sistema nervoso central, como: hipocampo, gânglios basais e amígdala. Quais são, exatamente, as modificações seletivas induzidas pelo T. gondii nos circuitos responsáveis pelo medo inato aos felídeos. Nossa proposta é avaliar o perfil neuroquímico das regiões cerebrais envolvidas no processamento de medo aversivo em camundongos albinos machos da linhagem Swiss Webster. Avaliamos inicialmente a imunoreatividade contra a enzima tirosina hidroxilase (TH) e a atividade da enzima NADPH-diaforase na substantia nigra do cérebro de camundongos infectados. Camundongos machos da linhagem Swiss Webster (Mus musculus) receberam por gavagem 10 cistos contendo bradizoítos da cepa Me-49 do Toxoplasma gondii. Os cérebros destes camundongos foram removidos após eutanásia por decapitação após os períodos de 30 e 60 dias de inoculação. A análise das secções mostrou uma marcação reduzida para as enzimas NADPH-diaforase e TH na substantia nigra dos animais infectados quando comparados com os animais controle. Estes resultados indicam que a presença do T. gondii modifica o metabolismo na região da substância negra, modulando para baixo os níveis de óxido nítrico (NO) e dopamina. A redução localizada de NO pode fazer parte da estratégia de evasão das defesas do hospedeiro pelo parasito enquanto a redução de dopamina na substantia nigra pode estar associada com a manipulação comportamental do hospedeiro intermediário.