OCORRÊNCIA E PADRÕES BIOACÚSTICOS DE CETÁCEOS NAS REGIÕES NORTE E NORDESTE DA AMAZÔNIA AZUL
Comportamento acústico, Bioacústica, Distribuição, Misticetos, Odontocetos, Baleia Jubarte, Golfinho-Cabeça-de-Melão
Os cetáceos podem ser encontrados em regiões oceânicas, costeiras e estuarinas em todo o mundo. Atualmente, são reconhecidas 92 espécies, e a maioria destas, por possuírem hábitos oceânicos, são pouco estudadas. Além de habitarem áreas remotas, os cetáceos estão presentes em baixas densidades em grandes massas de água e vivem a maior parte de suas vidas submersos. Essas características tornam o estudo com cetáceos um grande desafio financeiro e logístico. Por isso, métodos alternativos têm sido propostos para facilitar a coleta de dados ecológicos e comportamentais, como: utilização de Plataformas de Oportunidades e Monitoramento Acústico Passivo (MAP). Este trabalho se utiliza de dados coletados com essas duas ferramentas a fim de aumentar o nosso conhecimento sobre os cetáceos que ocorrem no Norte e Nordeste da Amazônia Azul. O capítulo 1 deste documento trata sobre a ocorrência de baleias jubarte em uma área mais ao norte do limite
de uso considerado para a espécie na costa brasileira. A presença de jubarte foi registrada através de MAP realizado na Bacia de Barreirinhas, Maranhão, em 2016. Descrevemos o canto dos machos e comparamos as unidades cantadas com a composição da canção dos machos de Itacaré, Bahia. Concluímos que os machos cantores da Bacia de Barreirinhas pertencem ao Estoque Reprodutivo A, o único estoque que ocorre na costa brasileira e sugerimos uma expansão da área que é comumente considerada como utilizada pelo estoque A. No capítulo 2, descrevemos um registro visual e acústico inédito de golfinhos cabeça-de-melão na porção equatorial do oceano Atlântico Sul. Este registro foi possibilitado pela utilização de um navio da Marinha do Brasil como Plataforma de Oportunidade. O grupo observado possuía de 300 a 400 indivíduos e estava se deslocando
rapidamente, com um ocasional salto. Apresentamos os parâmetros acústicos de 225 assobios dos golfinhos e comparamos estes dados com registros feitos da espécie em outros oceanos. As frequências dos assobios variaram de 4.74 a 31.47 kHz e a duração dos assobios de 0.03 a 2.80 segundos, com média (±DP) de 0.44 segundos (±0.40 segundos). Além disso, utilizamos dados do Sistema de Apoio ao Monitoramento de Mamíferos Marinhos (SIMMAM), um banco de dados online que permite a entrada de dados de avistamento, registro acústico e encalhes de cetáceos. No SIMMAM, buscamos dados de ocorrência das espécies de interesse para este estudo (baleia jubarte e golfinho-cabeça-de-melão) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.