RELAÇÃO ENTRE EXPOSIÇÃO À LUZ PELA MANHÃ, CICLO SONO-VIGÍLIA E ATENÇÃO EM ADOLESCENTES DE NATAL/ RN.
padrão temporal de sono; luz; intensidade luminosa; horários escolares; atenção.
As modificações psicossociais, comportamentais e fisiológicas relacionadas a adolescência contribuem para um atraso de fase no ciclo sono-vigília (CSV). Todavia, as aulas matutinas encurtam o sono ocasionando privação parcial crônica e irregularidade do sono, resultando em sonolência diurna excessiva e piora no desempenho cognitivo e acadêmico. Ademais, o CSV e a atenção apresentam variações circadianas e podem ser modulados por ciclos de claro-escuro. Portanto, este estudo tem como objetivo verificar a existência de relações entre a exposição à luz pela manhã e o CSV e a atenção em adolescentes do turno matutino de Natal, RN. Participaram do estudo 99 adolescentes, de ambos os sexos (63 meninas), entre 14-18 anos (15,7±0,8 anos), matriculados no 1º ou 2º anos do ensino médio, em escolas privadas. Os alunos responderam ao questionário “A Saúde e o Sono” e a um Diário de Sono, contendo a escala de sonolência de Maldonado, e fizeram uso de actímetro, por 10 dias. A actimetria coletou dados sobre o CSV e exposição à luz. A atenção foi avaliada pela Tarefa de Execução Contínua (TEC), de aplicação única, entre 7:30h e 9:30h em horário de aula. De forma geral, a amostra apresenta má qualidade, irregularidade e privação do sono, e índice elevado de Jetlag social. Em dias livres, altas intensidades luminosas foram associadas a dormir (B=-38,43, p<0,05) e acordar (B=-63,29, p<0,05) mais cedo em dias livres e maior regularidade no tempo na cama (B=-51,34, p<0,05), assim como a tendências à matutinidade (B=-24,91, p=0,07), menor sonolência ao despertar em dias letivos (B=-7,83, p=0,09) e maior regularidade nos horários de acordar (B=-17,67, p=0,09). Além de menor tempo de reação no alerta tônico (B = -32,87, p=0,05) e maior estabilidade na atenção sustentada (B = -15,90, p=0,06). Por outro lado, em dias letivos, intensidades luminosas elevadas foram relacionadas a dormir mais tarde (B=47,84, p<0,01) e a menores duração de sono (B=-41,43, p=0,01) e tempo na cama (B=-47,22, p<0,01), bem como a maiores tempos de reação nos alertas tônico (B=58,74, p<0,05) e fásico (B=84,54, p<0,05), e atenção seletiva (B=67,37, p<0,05). No dia da execução da TEC, altos níveis de sonolência ao despertar foram relacionados a maior frequência de omissões no alerta tônico (B=0,31, p<0,05), enquanto menores latências do sono, a maior percentual de respostas corretas no alerta fásico (B=-0,16, p<0,05). Ademais, altas intensidades luminosas do despertar até a entrada na sala de aula associaram-se a maiores tempos de reação no alerta tônico (B=95,51, p<0,05) e na atenção seletiva (B=150,44, p<0,05), e uma tendência no alerta fásico (B=53,08, p=0,08). A luz durante as aulas (entre 7-9:30h) não foi associada a modificações na atenção. Portanto, sugerimos que há uma relação entre a exposição à luz pela manhã e o CSV e a atenção em adolescentes do turno matutino, que pode contribuir para o avanço dos ritmos e melhora no desempenho acadêmico, todavia o desafio temporal referente ao horário de início das aulas matutinas impede esta expressão, mascarando os efeitos da luz. Assim, estudos adicionais com tamanho amostral maior são necessários para confirmar estas relações.