Se enxerga! Avaliação da sinalização sociossexual de cor em Artibeus planirostris (Mammalia - Chiroptera), a influência exercida pelo parasitismo e pressões de predação
morcegos, visão de cores, Strix aluco, ecologia sensorial, coloração
A coloração é responsável, nos organismos, por mediar a relação entre o indivíduo e o meio em que está inserido de maneiras importantes, o que inclui sinalização social, defesa anti-predação, parasitismo, termorregulação, proteção contra a luz solar em comprimentos de onda luminosa na faixa do ultravioleta, micróbios e abrasão. Para isso diversos fatores estão associados a produção de cores em animais e, agregado a isso, muitos fatores também estão associados a percepção das colorações expressas no corpo de animais. Muitos fatores podem influenciar a forma como as cores são expressas, seja ela de forma individual, como o parasitismo, ou de forma evolutiva, como pressões de predação. Assim, este trabalho objetiva descrever fisicamente a coloração expressa na pelagem de Artibeus planirostris e saber se a infecção por parasitas e a pressão de predação influencia visualmente na forma como essa coloração é expressa. Para isso foram medidas as colorações de Artibeus planirostris em seis partes corpóreas de diferentes indivíduos, visando utilizar a coloração obtida para modelar visualmente a forma como os indivíduos em diferentes momentos da história de vida da espécie se enxergam e comparar como eram vistos pelo predador e pelo coespecífico. Agregado a isso, a influência da infestação por parasitas foi testada para saber se exercia alteração na expressão da coloração da pelagem. Nossos resultados mostraram que a pelagem de Artibeus planirostris foi percebida visualmente melhor pela coruja do que pelo coespecífico e que diferentes aspectos da biologia da espécie são distinguidos pelo coespecífico. Mostramos também que a infestação por parasitas influencia a coloração expressa na pelagem dos animais, sendo também visualizado distintamente por outros indivíduos entre animais parasitados e não parasitados. Nosso trabalho é pioneiro em informação acerca da coloração de morcegos e principalmente sobre como esses animais se enxergam e quais as relações entre esse parâmetro e as interações com predadores, além da influência da parasitose na coloração expressa na pelagem dos animais. Isso nos mostra o quão vasto pode ser essa área para o estudo do comportamento e da ecologia sensorial do grupo, abrindo um enorme leque de oportunidades para outros pesquisadores.