Avaliando o intercâmbio de cantos entre estoques de baleia jubarte (Balaenoptera novaeangliae) da América do Sul
Baleias jubarte, acústica, comparação dos canções, evolução do canto, América do Sul
América do Sul possui dois estoques de reprodução de baleias Jubarte. Durante o inverno e a primavera austral, o estoques A ocupa as águas sudoestes do Brasil no Oceano atlântico e o estoques G, as águas sudestes do Oceano Pacífico. Ambos os estoques se alimentam em altas latitudes durante o verão austral: estoque A em Geórgia do Sul e nas Ilhas Sanduíche, e o estoque G no Golfo de Corcovado, Estreito de Magalhães e ilhas Shetland do Sul. O objetivo é determinar se esses estoques interagem acusticamente e se, isso ocorrer, investigar a dinâmica da troca de UFRN – Campus Universitário Lagoa Nova – CEP 59.078-970 – Caixa Postal 1511 – Natal/RN – Brasil Fone: +55 84 3215 3409 ▪ Fax: +55 84 3211 9206 ▪ psicobiologia@gmail.com cantos entre estoques, que resulta na evolução da estrutura do canto em cada um. Muitos pesquisadores contribuíram para esse conjunto de dados, composto por cantos gravados nas áreas reprodutivas de cada estoque, durante suas rotas de migração e também em suas áreas de alimentação. Cantos dos anos de 2016 e 2017 foram processados, enquanto cantos de 2018 e 2019 serão futuramente incluídos. Cantos foram transcritos em sequências de letras representando unidades. Três critérios foram utilizados para a transcrição: o espectrograma, a percepção aural pela análise e a posição da unidade do canto na gravação. Uma cadeia de letras então foi gerada. A distância Levenshtein entre as duas cadeias computa o número mínimo de inserções, deleções e substituições necessárias para transformar uma cadeia de letras/unidades em outra. O cálculo Levenshtein foi aplicado nessas cadeias de letras resultando em valores de similaridade para uma futura construção de uma matriz de distância. A matriz apresenta as estruturas de cada canto. Ainda mais, literatura sobre cantos de aves foi consultada, a fim de estabelecer novos métodos para avaliar o canto de baleias Jubarte com mais detalhes. Parâmetros muito aplicados na pesquisa com cantos de aves foram adaptados para corresponder ao estudo do canto da baleia Jubarte: elemento do repertório (em literaturas de baleias Jubarte, conhecido como dicionário de unidades), (2) versatilidade (disposição de todas as unidades e sua proporção dentro da gravação), (3) consistência de sintaxe (colocação de unidades), (4) número total de tipo de unidades, como também, número total de unidades cantadas por cada indivíduo por canto, (5) média de número de unidades por canto e (6) platô. Essa nova abordagem pode ajudar a identificar se a estrutura do canto muda mais nas áreas de reprodução ou nas áreas de alimentação. Resultados preliminares sugerem um alto nível de evolução do canto durante a estação reprodutiva, especialmente para o estoque G. A falta de gravações feitas em área de alimentação Antártica durante 2016 e 2017, previne inferências na evolução do canto durante esse período. Conclusões indiretas podem ser conduzidas a partir da comparação entre cantos dentro de áreas de alimentação em estações consecutivas. É digno de nota que este projeto se baseia na maior rede de pesquisa bioacústica de baleias Jubarte formada até o momento na América Latina.