ECOLOGIA E COMPORTAMENTO DE ESPÉCIES DE ANFÍBIOS ANUROS EM SAVANA AMAZÔNICA.
Anuros, Savana Amazônica, Composição, Riqueza,Estrutura de comunidades, Comportamento reprodutivo.
As Savanas amazônicas ocorrem em manchas disjuntas dispersas por extensas áreas de floresta nos Estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima. Apesar de haver considerável variação na composição da anurofauna entre localidades e entre fitofisionomias de vegetação das Savanas Amazônicas e em função da ausência de estudos sobre o comportamento reprodutivo, uma amostragem sistemática e geograficamente ampla ainda não foi realizada para a Savana amapaense, localizada na Amazônia Oriental. Nessa perspectiva, foi estudada uma área de savana no Estado do Amapá quanto à composição, ecologia e comportamento reprodutivo de anfíbios anuros.Para as amostragens dos anuros, nós realizamos 24 coletas em cada fitofisionomia da Savana amapaense (savana gramíneo-lenhosa, savana gramíneo-lenhosa arbustiva, savana parque e savana arbórea), através de busca ativa e auditiva ao longo de 20 parcelas de 100x50 metros. Foram registradas 21 espécies de anuros, com dois novos registros de ocorrência para o Estado do Amapá: Dendropsophus walfordi e Scinax trilineatus. A análise de variância de Kruskal-Wallis revelou diferenças significativas entre a riqueza e a diversidade de espécies entre as fitofisionomias (p<0,05). A análise de similaridade de Bray-Curtis separou as fitofisionomias em três grupos: savana arbórea, savana gramíneo-lenhosa e gramíneo-lenhosa arbustiva e, savana parque. Através do Ordenamento por escalonamento não-métrico multidimensional, a estrutura de comunidade de anuros resultou em uma separação entre três fitofisionomias amostradas, com diferenças significativas (ANOSIM, R = 0,823; p < 0,001), indicando diferença na estrutura de comunidades das três fitofisionomias amostradas. No estudo de ecologia de comunidades, os valores obtidos pela largura de nicho espacial, temporal e trófico sugerem que as espécies de anuros da Savana amapaense não é composta predominantemente por espécies generalistas. A presença também de anuros especialistas pode ajudar a explicar os processos de especiação ligados com o isolamento dos habitats como resultado da heterogeneidade e descontinuidade espacial encontrada no domínio fitogeográfico das formações abertas. As análises dos modelos nulos indicaram a ocorrência de estruturação de comunidade quanto ao nicho temporal e trófico, indicando influência significativa de fatores ecológicos contemporâneos sobre a taxocenose. A ausência de estrutura quanto ao nicho espacial pode ser explicada pela segregação espacial na distribuição e ocupação dos anuros nas diferentes fitofisionomias da Savana amapaense. Com relação ao comportamento reprodutivo de anuros, 11 espécies foram classificadas com padrão de reprodução prolongado, intrinsecamente ligado ao período chuvoso e ao modo reprodutivo da maioria das espécies, que apresentaram desova em corpos d’água lênticos. Foram registrados seis modos reprodutivos e o cuidado parental foi observado nas espécies Leptodactylus latrans e L. podicipinus, que apresentaram modos reprodutivos caracterizados pelas desovas em ninhos de espuma. Quanto as estratégias reprodutivas comportamentais, a estratégia do macho vocalizador foi observada em todas as espécies de anuros; a estratégia do macho satélite foi registrada apenas para as espécies D. walfordi, Hypsiboas multifasciatus, S. nebulosus e S. trilineatus; a procura ativa por fêmeas foi observada para as espécies Phyllomedusa hypocondrialis e L. fuscus e, a estratégia de macho deslocador foi registrada apenas para as espécies Rhinella major e R. margaritifera. Dos comportamentos reprodutivos registrados, a exibição da garganta e do saco vocal está relacionado ao comportamento de corte e territorialidade exibido pelos machos. Além dos comportamentos de corte, sinais visuais associados a estratégias de corte foram registrados para os anuros da Savana amapaense.