"Efeitos da estimulação da medula espinhal sobre a atividade motora e corticoestriatal em modelo da Doença de Parkinson baseado na expressão de alfa-sínucleina"
Doença de Parkinson, Alfa-sinucleína, Estimulação da Medula Esinhal.
A Doença de Parkinson (DP) está associada a sintomas motores e à perda de neurônios dopaminérgicos na via nigroestriatal. A ocorrência de inclusões citoplasmáticas, chamadas de Corpos de Lewy, nessa via consiste no marcador biológico da doença. A proteína alfa-sinucleína é o principal componente dessas inclusões, e mutações em seu gene codificante têm sido relacionadas a casos hereditários de DP. Não há cura para a DP, e o tratamento farmacológico com L-Dopa é efetivo na redução dos sintomas em curto, mas não em longo prazo. A estimulação cerebral profunda é outro tratamento efetivo, no entanto requer um procedimento cirúrgico invasivo e é indicada somente para um pequeno número de casos. A Estimulação da Medula Espinhal (EME) é um método de neuromodulação menos invasivo que recentemente tem se mostrado efetivo em modelos animais e pacientes humanos de DP. Neste projeto, realizamos dois estudos para investigar os efeitos motores e eletrofisiológicos da expressão de alfa-sinucleína na substância nigra de ratos Sprague - Dawley e testar os efeitos da EME neste modelo. Estudo I: Os animais receberam injeção unilateral de vetor viral vazio ou para expressar alfa-sinucleína na substância nigra e foram avaliados semanalmente na Tarefa do Campo Aberto e do Cilindro. Um grupo desses animais foi implantado com eletrodo medular e submetido a sessões de EME da sexta à décima semana após a injeção do vírus. Estudo II: Matrizes de múltiplos eletrodos de registro eletrofisiológico extracelular foram implantados no córtex motor e no estriado em ambos os hemisférios de ratos implantados com eletrodos de EME e injetados com vetor viral vazio na substância nigra de um hemisfério e com vetor viral para expressar alfa-sinucleína na nigra contralateral. O registro eletrofisiológico foi realizado semanalmente em um Campo Aberto, durante as sessões de EME e os testes farmacológicos com Alfa-metil-p-tirosina (AMPT) e L-Dopa. Resultados Parciais: Estudo I: A expressão de alfa-sinucleína não alterou a distância percorrida pelos animais no Campo Aberto, mas resultou em redução no uso da pata contralateral à injeção no teste do Cilindro. A EME reduziu essa assimetria, e os animais tratados foram capazes de usar ambas as patas após as sessões de estimulação. Discussão: A EME se mostrou um tratamento efetivo para o sintoma motor de um modelo animal baseado a expressão de alfa-sinucleína na substância nigra. Estudos em andamento têm como objetivo demonstrar as alterações eletrofisiológicas e imunohistoquímicas deste modelo, bem como buscam elucidar o mecanismo de ação da EME no mesmo.