DESENVOLVIMENTO DE NANOSISTEMAS PARA IMUNIZAÇÃO EXPERIMENTAL APLICADA À LEISHMANIOSE VISCERAL
nanopartículas de PLA; polietilenimina; Leishmania infantum; doenças tropicais negligenciadas.
A leishmaniose visceral é a forma mais grave e letal e é uma das mais importantes doenças tropicais negligenciadas. Sua terapêutica apresenta alta toxicidade e eficácia limitada que reforça a busca por alternativas mais eficazes e seguras. Nesse contexto, O estudo teve como objetivo desenvolver e caracterizar nanosistemas de ácido polilático (PLA) funcionalizados com polietilenimina (PEI) e incorporados com antígenos totais de Leishmania infantum, avaliando seu potencial como plataforma imunoterapêutica. As nanopartículas foram obtidas por nanoprecipitação e caracterizadas quanto ao tamanho, potencial zeta, morfologia e estabilidade físicoquímica por um período de 30 dias. Ensaios de viabilidade celular foram realizados em linhagens de fibroblastos (3T3) e macrófagos (RAW 264.7), e a resposta imune humoral foi investigada em camundongos BALB/c imunizados e monitorados por ELISA. Os resultados demonstraram que as formulações apresentaram tamanho nanométrico (209–297 nm), forma esférica, estabilidade coloidal adequada e eficiência de incorporação dos antígenos de até 98,8% nos sistemas catiônicos. As nanopartículas de PLA exibiram baixa citotoxicidade, enquanto as funcionalizadas com PEI mostraram toxicidade dependente da concentração, atenuada pela presença dos antígenos totais de L. infantum. A imunização com os nanosistemas induziu uma resposta humoral sustentada de IgG total, com predomínio das subclasses IgG2b e IgG3, perfil associado a uma resposta do tipo Th1, mais efetiva contra infecções intracelulares. Destaque-se que os nanosistemas promoveram uma modulação imunológica favorável, com liberação controlada do antígeno e indução de uma resposta mais equilibrada em comparação com adjuvantes convencionais. Conclui-se que as nanopartículas desenvolvidas representam uma estratégia promissora para a imunoterapia da leishmaniose visceral, combinando estabilidade, biocompatibilidade e capacidade de direcionar a resposta imune para um perfil protetor.