CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E PROPRIEDADES BIOATIVAS DO RESÍDUO DO CAJÁ (Spondias mombin L.) FERMENTADO COM PROBIÓTICOS
Spondias mombin; probióticos; resíduos agroindustriais; atividade antioxidante; inibição enzimática
Probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde. A associação de probióticos e matériasprimas vegetais se mostra uma estratégia promissora, pois possibilita a entrega simultânea de microrganismos benéficos e compostos bioativos, como fibras e compostos fenólicos. O cajá (Spondias mombin L.) é um fruto nativo brasileiro utilizado principalmente para produção de sorvetes e polpa congelada, com amplo descarte da semente, o seu principal resíduo. Nesse contexto, o presente trabalho objetivou avaliar as características físico-químicas e o potencial bioativo de um meio aquoso à base do resíduo do cajá, com ou sem suplementação, submetido a fermentação por duas linhagens probióticas, Lactiplantibacillus plantarum NRRL B-4496 e Saccharomyces boulardii 17. A caracterização físico-química dos meios e seus fermentados envolveu a determinação da viabilidade probiótica, parâmetros relacionados à acidez e fatores nutricionais. Por sua vez, a determinação do potencial bioativo seguiu a quantificação dos teores de compostos fenólicos totais, flavonoides totais e ácido ascórbico, ao passo que a atividade antioxidante in vitro foi avaliada através dos ensaios da capacidade antioxidante total, poder redutor férrico, sequestro dos radicais ABTS e DPPH, além da quelação de íons ferrosos. Adicionalmente, também foram realizados ensaios de inibição in vitro de α-amilase e amiloglicosidase, enzimas envolvidas na digestão de carboidratos. A caracterização dos meios revelou um caráter ácido, originalmente baixo em nutrientes, apresentando-se como uma fonte apreciável de polifenóis e ácido ascórbico. Todos os fermentados apresentaram viabilidade probiótica final ≥ 8 log UFC/mL, classificando o resíduo do cajá como uma fonte prebiótica seletiva e adequada para o crescimento das linhagens utilizadas. Além disso, observou-se que a fermentação aumentou os teores de compostos fenólicos e flavonoides totais, de modo que os fermentados de L. plantarum se destacaram em todas as análises antioxidantes e de inibição enzimática, com exceção apenas daquelas referentes ao poder redutor férrico e à quelação de íons ferrosos. Dado o exposto, o resíduo do cajá pode ser considerado uma matriz viável para veiculação simultânea com linhagens probióticas, apresentando grande potencial para desenvolvimento de um futuro produto nutracêutico inovador.