ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA E ANTIOXIDANTE DE DERIVADOS
VEGETAIS DE Varronia curassavica EM ESTUDOS PRÉ CLINICOS: UMA REVISÃO
SISTEMÁTICA
Cordia verbenacea; erva baleeira; extrato; inflamação.
Varronia curassavica Jacq. é uma espécie nativa e não endêmica do Brasil e derivados vegetais
obtidos da espécie são utilizados popularmente para o tratamento de doenças inflamatórias em
geral. No Brasil tem um medicamento fitoterápico registrado na ANVISA que possui como
ativo o óleo essencial da espécie. É sabido que extratos e óleos essenciais são derivados
vegetais, entretanto, possuem composições químicas diferenciadas. Dentro deste contexto, não
pode ser extrapolado o efeito farmacológico anti-inflamatório do óleo essencial obtido das
folhas para outros derivados vegetais obtidos, por exemplo, com água e etanol. Desta forma,
justifica-se conduzir uma revisão sistemática com a espécie para avaliar se há evidência pré-
clínica que comprove a eficácia, segurança e qualidade de derivados vegetais obtidos com
solventes orgânicos e água. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade
antioxidante e anti-inflamatória da Varronia curassavica (erva-baleeira) em modelos pré-
clínicos através de uma revisão sistemática da literatura. Para a realização desta revisão
sistemática, foi utilizado como guia para seleção, rastreio e elegibilidade do estudo o checklist
contido no Relatório Preferido para Revisões Sistemáticas e Meta-análises (PRISMA). A
pergunta norteadora desta revisão é “Qual é a capacidade antioxidante e anti-inflamatória da
Varronia curassavica (erva-baleeira) usando modelos pré-clínicos?”. Para a estratégia de busca,
foram utilizados termos MeSH e não MeSH e a pesquisa foi feita no PubMed-Medline, Scopus,
Web of Science e Embase. Com os estudos elegidos, foi feita a extração dos dados dos estudos
e o risco de avaliação de viés, empregando a ferramenta de risco de viés do Centro de Revisão
Sistemática para Experimentação com Animais de Laboratório (SYRCLE). Como resultados,
foi possível destacar nesta revisão sistemática que as folhas foram a parte da planta mais
utilizada pelos estudos, sendo submetidas à maceração c em sua maioria, com etanol ou etanol
70%. Seis estudos conduzidos com extratos identificaram quatro substâncias principais, o ácido
rosmarínico, artemetina, briquelina e cordialina A. Os resultados observados nos estudos pré-
clínicos com animais mostraram que, por via oral, o extrato foi capaz de diminuir a expressão
de citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α, IL-6 e IL-1β, o edema e aumentar importantes
enzimas antioxidantes, como a catalase e a GSH. Em contraponto, o óleo essencial,
administrado por via oral, também foi capaz de reduzir o edema e o TNF-α, entretanto, não
provocou alterações no IL-1β e na PGE2. A qualidade metodológica dos estudos incluídos nesta
revisão sistemática foi predominantemente classificada como de baixo risco, pois a maioria dos
critérios necessários para avaliar o viés no estudo foram suficientemente relatados. Em
conclusão, os resultados sugerem que os extratos de V. curassavica apresentam potencial anti
inflamatório e antioxidante em modelos pré-clínicos in vivo. Foi observado que os extratos
etanólicos e hidroetanólicos obtidos por maceração a partir das folhas da erva-baleeira se
mostraram capazes de combater a inflamação em modelos pré-clínicos in vivo, utilizando como
principal via de administração a oral.