O papel dos miRNAs na doença de Lyme: uma revisão
Doença de Lyme, miRNA, Patogênese, Vias de regulação, Borrelia burgdorferi, Artrite de Lyme, Cardite de Lyme, Neuroborreliose.
Introdução: A doença de Lyme (DL) é a doença transmitida por carrapatos mais comum na
América do Norte e Europa. Causada pela bactéria Borrelia burgdorferi, manifesta-se de
diferentes formas e estágios, podendo ser assintomática ou com sintomas inespecíficos, além
da difícil localização da picada do aracnídeo e a possível não formação do eritema migratório,
o que dificulta o diagnóstico clínico. Os métodos atuais de diagnóstico laboratorial apresentam
limitações, como a ausência de anticorpos contra a bactéria durante as primeiras semanas da
infecção, além de difícil acesso às amostras, já que a Borrelia burgdorferi se alojar em tecidos
de difícil acesso. Nesse contexto, os miRNAs surgem como potenciais candidatos no
entendimento da fisiopatologia da DL, assim como biomarcadores e alvos terapêuticos, dada
sua estabilidade e capacidade de refletir estados patológicos, incluindo infecções bacterianas.
Objetivo: Realizar uma revisão narrativa sobre o papel dos miRNAs na DL. Metodologia: A
pesquisa foi realizada nos bancos de dados PubMed, Embase, ScienceDirect, Web of Science
e LILACS, utilizando os termos "Lyme Disease", "Borrelia burgdorferi", "Lyme Borreliosis",
"Lyme Arthritis", "Lyme Carditis" e "MicroRNA". Resultados: Dos 7 estudos incluídos, três
foram realizados in vitro com diferentes culturas de células humanas, dois utilizaram modelos
in vivo com camundongos, um estudo foi realizado in vitro com carrapatos Ixodes scapularis e
um foi observacional com amostras de pacientes. As metodologias de extração de RNA total
variaram entre o método do TriZol e o miRNeasy Kit e a análise da expressão dos miRNAs
variou de RNAseq a qRT-PCR. Ao total foram analisados 261 miRNAs diferentemente
expressos entre todos os estudos e, destes, os miR-146a-5p, miR-155, miR-145 e miR-146b
foram descritos em mais de um estudo com expressão aumentada em diferentes amostras e
manifestações clínicas. Conclusão: miRNAs como miR-146a-5p, miR-155, miR-145 e miR-
146b desempenham papéis importantes na regulação inflamatória da DL, sendo envolvidos na
manifestação dérmica, artrite, cardite e ativação microglial. Esses miRNAs têm potencial como
biomarcadores e alvos terapêuticos na DL, embora mais estudos sejam necessários para validar
sua aplicabilidade no diagnóstico e tratamento da doença.