CAATINGA EM FOCO: CONSERVAÇÃO, QUIMIODIVERSIDADE E
PROSPECÇÃO DE COMPOSTOS EM CULTIVOS CONTROLADOS E in vitro DE
Erythroxylum pungens O. E. SHULZ (ERYTHROXYLACEAE)
Alcaloides tropânicos; Erythroxylum pungens; Bioma Caatinga; CG-EM; calogênese; estresse; museu virtual.
A Caatinga é reconhecida como uma das mais ricas e biodiversas Florestas Tropicais
Sazonalmente Secas, destacando-se por sua fauna e flora singulares, adaptadas às condições
peculiares deste bioma. Considerada o semiárido mais biodiverso do mundo, sua relevância
ecológica e cultural no Brasil é ampla, englobando áreas como pesquisa científica, artes,
literatura e produções audiovisuais. A compreensão dos impactos das mudanças climáticas
sobre a Caatinga é essencial para subsidiar políticas públicas e práticas voltadas à conservação
e manejo sustentável, fornecendo subsídios valiosos para mitigar os desafios climáticos que
afetam a região. A preservação deste bioma torna-se ainda mais urgente devido ao fato de ser
um dos menos estudados e mais degradados por ações antrópicas. Ressalta-se que sua
conservação possibilita proteger espécies que habitam esta região há séculos. Entre elas,
destaca-se Erythroxylum pungens O.E. Schulz, planta endêmica e que no estado Potiguar,
predomina-se na região do Seridó. Neste estudo, a Caatinga é utilizada como objeto de arte na
exposição virtual intitulada “Caatinga em Foco: Biodiversidade, Ciência e Preservação”,
desenvolvida em uma plataforma interativa específica para tours virtuais. Ainda, no segundo
capítulo foi elaborado um artigo de revisão científica abordando o potencial biotecnológico da
flora da Caatinga, com destaque para os metabólitos secundários mais estudados, além de seus
aspectos tecnológicos e biotecnológicos aplicados no desenvolvimento de novos produtos
bioativos. A pesquisa também incluiu a biossíntese de alcaloides tropânicos ao longo de 12
meses no desenvolvimento de E. pungens, identificando compostos já descritos na literatura e
novos metabólitos bioativos, incluindo os alcaloides tropânicos. O cultivo in vitro de calos,
abordado no capítulo terceiro desta tese, foi realizado em diferentes meios de cultura, sendo o
meio Gamborg B5, enriquecido com NAA (Ácido 1-naftalenoacético), o mais eficiente na
formação de calos e raízes adventícias. Embora outros meios tenham produzido calos de maior
tamanho, não houve formação de raízes adventícias. A rápida oxidação inviabilizou a formação
de calos a partir de folhas, como observado em espécies similares do gênero. Nas análises
realizadas, traços de tropacocaína foram identificados, acompanhados de indicativos de
terpenoides, aminoácidos e ácidos graxos. Os resultados foram limitados pela baixa biomassa,
injúria nas secções vegetais e crescimento lento, exigindo estudos adicionais para investigar a
quimiodiversidade única da espécie. Por fim, o tratamento de cultivos com agentes estressores
foi avaliado quanto à composição de alcaloides tropânicos, indólicos e outros compostos
bioativos. A aplicação de ácido salicílico levou à detecção de N,N-dimetiltriptamina (N,N
DMT) nas raízes após dois dias, enquanto ensaios multifatoriais, envolvendo alta temperatura,
restrição hídrica e elevada luminosidade, demonstraram redução significativa na concentração
e diversificação de alcaloides. Esses achados apontam para a necessidade de mais estudos que
explorem os mecanismos bioquímicos e as respostas adaptativas da espécie E. pungens.