AVALIACAO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO E LARVICIDA DE NANOPARTICULAS DE QUITOSANA CONTENDO A PECONHA DA SERPENTE Crotalus durissus cascavella
Antibacteriano; Antifúngico; Antiparasitário; Biocompatibilidade; Larvicida; Peçonha de serpente. Nanopartículas de quitosana.
A resistência antimicrobiana (RAM) representa uma ameaça à população global e pode ser responsável pelo surgimento e reemergência de várias doenças infecciosas. Infecções por patógenos multirresistentes apresentam alta morbidade e mortalidade, o que tem levado à busca incessante por novas alternativas terapêuticas. A cascavel sul-americana, Crotalus durissus, contém em sua peçonha várias proteínas biologicamente ativas com importante ação farmacológica, podendo ser uma valiosa ferramenta na pesquisa de novos fármacos. A fim de garantir um melhor aproveitamento de moléculas biologicamente ativas, nanocarreadores poliméricos vêm sendo investigados como sistemas de liberação para macromoléculas. A quitosana, devido às suas propriedades favoráveis, tem sido extensivamente estudada em formulações de nanocarreadores, particularmente para proteínas e peptídeos. Com esse foco, o presente estudo obteve nanopartículas de quitosana (NPQ), como sistema de liberação sustentada para a peçonha da serpente Crotalus durissus cascavella nas concentrações de 0,5 e 1,0%, bem como avaliou sua biocompatibilidade e potencial antibacteriano, antifúngico, antiparasitário e larvicida. As nanopartículas foram obtidas com sucesso pela técnica de gelificação iônica. A biocompatibilidade foi avaliada em linhagens de células normais (Vero E6, NIH/3T3) e eritrócitos humanos, demonstrando que nas concentrações testadas não evidenciaram efeitos citotóxicos e hemolíticos. Através do ensaio de concentração inibitória mínima, nossos resultados revelaram a capacidade das nanopartículas com e sem a peçonha associada de inibir bactérias gram-positivas e gram-negativas padrões e isolados clínicos multirresistentes, além de inibir diferentes espécies de leveduras do gênero Candida. Nos ensaios antiparasitários, a peçonha bruta e as nanopartículas associadas à peçonha demonstraram citotoxicidade nas formas epimastigota e tripomastigota de Trypanosoma cruzi, apresentando como principal mecanismo de ação a apoptose tardia e baixos níveis de dano mitocondrial. O efeito leishmanicida foi evidenciado principalmente pelas NPQ associadas com peçonha, chegando a quase 100% de efetividade pelas NPQ com a peçonha incorporada a 1,0%. Através do ensaio larvicida foi demonstrado que as NPQ sem e com a peçonha associada também demonstraram efeito promissor frente a larvas do mosquito Aedes aegypti. Dessa forma, neste estudo foi evidenciado o potencial multifuncional de nanopartículas de quitosana associadas ou não a peçonha, bem como da peçonha bruta de C. d. cascavella, podendo ser utilizado como protótipo para obtenção de novos fármacos com aplicação biotecnológica.