PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL EM TEMPOS DE ENSINO REMOTO EMERGENCIAL
Escolarização. Deficiência Intelectual. Ensino Remoto Emergencial.
A pandemia da Covid-19 provocou uma crise sanitária mundial, responsável por transformar o funcionamento de todos os setores que compõem a sociedade. Em função das medidas de biossegurança, alguns serviços como as atividades educacionais, por exemplo, tiveram o atendimento presencial suspenso, necessitando enquadrar-se na lógica de funcionamento virtual. Diante do imediatismo das ações educacionais propostas em tempos pandêmicos, o Ensino Remoto Emergencial foi a alternativa utilizada para a manutenção dos vínculos entre os estudantes e as escolas, no entanto, essa proposta não considerou as especificidades e condições de todos, sobretudo, os estudantes com Deficiência Intelectual (DI) matriculados nos anos iniciais do ensino fundamental. Buscando compreender e situar a pessoa com deficiência nas propostas de ensino, propomos como objetivo geral deste estudo: analisar o processo de escolarização da criança com DI em tempos de Ensino Remoto Emergencial e, de maneira específica: a) identificar as práticas pedagógicas desenvolvidas para a criança com DI no contexto de ensino remoto; b) discutir as condições de acesso e participação da criança com DI nas aulas realizadas em tempos do ensino remoto, a partir das percepções dos seus familiares; c) investigar os desafios do ensino remoto para o processo de escolarização da criança com DI. Desenvolvemos uma pesquisa de cunho qualitativo, com metodologia alicerçada na história oral temática, construída a partir de entrevistas semiestruturadas que revelaram as narrativas de 10 sujeitos (5 professoras e 5 mães de estudantes com DI) que vivenciaram as (im)possibilidades do novo formato educacional no ensino público na cidade do Natal -RN . Os dados provenientes das entrevistas, foram analisados de acordo com a técnica de análise de conteúdo e sistematizados em categorias relativas ao trabalho pedagógico e a interação da criança com DI no contexto do ensino remoto emergencial. Os resultados do estudo demonstraram que a ausência de orientações aos professores, as lacunas formativas relacionadas ao uso de tecnologias em sala de aula, as desigualdades sociais, o baixo acesso e manuseio das tecnologias por parte dos familiares das crianças com DI, o potencial de mediação das mães e as próprias especificidades dos estudantes, foram aspectos que reverberaram no acesso, participação e aprendizagem dos estudantes com DI e influenciaram no processo de escolarização em tempos de ensino remoto. Concluímos, que as propostas de aulas virtuais realizadas de maneira emergencial, foram atravessadas por desafios que descortinaram as desigualdades sociais e incidiram diretamente nos direitos historicamente conquistados pelas pessoas com deficiências.