Necessidades formativas como eixo da formação docente para alfabetizar letrando na Educação do Campo, em Espírito Santo/RN (2019-2020)
Formação Docente Contínua. Políticas Educacionais. Alfabetizar Letrando. Educação do Campo. Salas Multisseriadas.
O estudo teve como objetivo geral analisar necessidades da formação de professores para alfabetizar letrando em turmas multisseriadas do Ciclo de Alfabetização de escolas do campo, considerando as políticas de formação de professores implementadas no país (1996-2020) e o ambiente da pandemia da Covid-19. O estudo, que não se limitou à investigação das necessidades formativas dos docentes, ensejou aos sujeitos da pesquisa um processo formativo de “restituição sistemática” (FALS BORDA, 1985), na perspectiva de refletirem sobre suas próprias necessidades de formação docente, ao tempo em que foi oportunizada acoconstrução de procedimentos teórico-metodológicos potencializadores de superação de suas próprias dificuldades docentes/necessidades formativas. O trabalho se inscreveu na Abordagem Qualitativa de Pesquisa, de fundamentação fenomenológica, sob a metodologia de Pesquisa-ação. Os procedimentos para construção dos dados foram o Questionário, a Entrevista Semiestruturada, a Observação Participante e a Análise Documental. O campo empírico foi formado por cinco Escolas Municipais, localizadas na zona rural do município de Espírito Santo/RN. Os sujeitos do estudo foram sete professores alfabetizadores que atuam nas referidas turmas, duas assessoras pedagógicas e cinco gestoras escolares. A análise dos dados está fundamentada nos princípios da Análise de Conteúdo, segundo Bardin (2010) e Amado (2014). Como resultados da primeira etapa da pesquisa, conforme o diagnóstico das necessidades, os docentes revelaram necessidades formativas, como: na articulação teoriaprática para alfabetizar letrando; diagnóstico e análise dos níveis de escrita no âmbito da psicogênese da língua escrita; heterogeneidade das turmas; planejamento, desenvolvimento e avaliação de situações didáticas de apropriação da leitura e da escrita, incluindo o ensino remoto; domínio do uso da tecnologia no ensino remoto emergencial; ausência de conectividade e desinteresse dos alunos; relação escola-família; concepção de criança do/no campo; e saberes específicos da Educação do Campo para alfabetizar letrando. Na segunda etapa da pesquisa, constituiu-se a Ação Formativa, direcionada aos docentes do estudo, tendo como temática a “Ação didático-pedagógica para a construção de práticas para alfabetizar letrando em turmas multisseriadas, do Ciclo de Alfabetização, considerando o contexto pandêmico”. Nesse sentido, os conteúdos programáticos da formação foram construídos a partir dos temas que emergiram da pesquisa e se constituíram nas supracitadas necessidades formativas. Os procedimentos metodológicos da formação foram organizados em sessões reflexivas de leitura e de articulação teoria-prática, desenvolvidas semanal e quinzenalmente, em ambiente virtual. A avaliação realizou-se a partir de registros em diários de aula, reconstrução de práticas e diálogo compartilhado nos encontros realizados. A Ação Formativa foi bem avaliada, produzindo um conhecimento teórico-metodológico mais aprofundado na superação das dificuldades docentes para alfabetizar letrando. Os resultados confirmaram a tese de que são necessárias ações de formação contínua para que os docentes reflitam sobre suas próprias necessidades formativas, contribuindo para a superação das dificuldades encontradas no desenvolvimento da prática alfabetizadora, em turmas multisseriadas da Educação do Campo, em tempos pandêmicos, considerando que as atuais políticas de formação docente não têm possibilitado de forma satisfatória que professores alfabetizadores, atuantes nessas turmas, alfabetizem letrando.