CORPO E DESEJO NO CINEMA: EXPERIÊNCIAS EDUCATIVAS ESTESIOLÓGICAS
Corpo. Desejo. Cinema. Educação.
Apresentamos a tese de que a experiência de ver o corpo em sua relação com a percepção como um modo de desejo no cinema constitui uma experiência educativa. Consideramos que essa experiência pode provocar deslocamentos do olhar dos espectadores em um movimento de reaprender a ver o mundo a partir do encontro com outrem que se expressa nos personagens cinematográficos e na estética do filme. Enquanto objetivo de pesquisa, buscamos compreender a experiência da visibilidade do corpo e do desejo no cinema como um fenômeno educativo, bem como revelar, a partir do encontro com outrem e da intercorporeidade no cinema, outros sentidos sensíveis, culturais, corporais e existenciais para a educação configurados a partir das diversas possibilidades de ser, de existir, sentir e criar dos personagens no mundo com os desejos, sexualidades e afetos que os atravessam. Almejamos ainda elaborar um material educativo a partir das fichas de análise dos filmes, das sessões do Cinestesia e da experiência com o festival CINEDUC (Corpo, Cinema e Educação) para a pesquisa e a formação de professores. Desejamos que o material elaborado possa ser mobilizado enquanto estratégia pedagógica sobre o corpo, o desejo, a sexualidade e a estesiologia. Para a realização da pesquisa adotamos a atitude fenomenológica de Maurice Merleau-Ponty como referencial teórico-metodológico, atitude essa pautada na experiência vivida e que não se exime da questão do corpo, do outro e do sensível nos processos de conhecimento. Mobilizamos a redução fenomenológica e a variação imaginativa enquanto recursos e técnicas de pesquisa, acionando o cinema enquanto linguagem que nos dá a ver o corpo, o desejo, a sexualidade, a expressão, operando processos de conhecimento, de percepção e de educação. Analisamos um corpus constituído por seis filmes cujos enredos convocam e convidam à exploração da problemática de pesquisa dentro do campo fenomenológico com o desvelamento de um fenômeno educativo que se dá a partir da percepção como modo de desejo que figura no corpo, nos encontros, na intercorporeidade e nas experiências vividas dos sujeitos consigo e com os outros. Trata-se de pensar uma educação que emerge da sensibilidade, que mobilize o corpo, o desejo, a percepção e os afetos, ampliando as maneiras de ser, pensar, sentir, de conhecer a si e ao outro. Uma educação sensível que permita reaprender a ver o mundo continuamente, que perpasse e atravesse as telas do outro, que nos mova a ele e nos transforme como faz o desejo.