O CHOQUE DAS CULTURAS DA ORDEM
Polícia Militar. Disciplina. Hierarquia. Direitos Humanos. Cidadania.
Ao longo da história brasileira, o emprego das forças coercitivas governamentais tem gerado, em certos aspectos, um profundo distanciamento entre a Polícia Militar e a sociedade. Pois, durante séculos, a ações policiais têm evidenciado os interesses governamentais, desprezando-se a propiciação do bem estar social e do interesse público. Todavia, recentemente, com a abertura democrática brasileira e uma busca crescente pela fortificação dos direitos dos cidadãos, ares de renovação começam a atingir o trabalho policial militar e, consequentemente, os paradigmas que regem o processo formativo desses profissionais. Assim, este trabalho se volta à análise da crise de sentido enfrentada pelos policiais militares em formação, diante do choque das culturas da ordem, ao confrontarem o militarismo tradicionalista e autoritário e as atuais exigências sociais acerca de uma atuação profissional mais humanizada. Diante da complexidade desse tema, julgou-se pertinente a utilização, não apenas de um vasto arcabouço teórico, mas, também se buscou subsídios em uma extensa pesquisa de campo, a qual forneceu um precioso arsenal de informações qualitativas, colhidas das percepções dos cadetes. Como resultado deste estudo teve-se a comprovação da hipótese levantada, concluindo-se que os oficiais policiais militares em formação na Paraíba têm dificuldade em lidar com o momento de transição social, marcado pela busca da consolidação da democracia, pelo qual atravessa o país. Com base no que foi averiguado, chegou-se ao entendimento que esses policiais militares ainda têm bastante presente, no seu processo ensino-aprendizagem, a dialética existente entre um militarismo tradicionalista e autoritário, fortemente arraigado, e as atuais exigências sociais acerca de uma atuação profissional democrática, ética e humanizada.