TESTEMUNHOS DE UM TEMPO VIVIDO: narrativas orais como construção histórica de uma memória social em Janduís (RN)
Janduís; velho/idoso; inserção social; memória.
Procura-se evidenciar a memória de um grupo de idosos como experiência substantiva na construção de uma memória social da cidade de Janduís, Rio Grande do Norte, lócus da pesquisa, por meio de uma experiência autobiográfica dos sujeitos recordadores sob a perspectiva da narrativa do vivido e do lembrado e de como o grupo (re)elabora suas lembranças. De acordo com Maurice Halbwachs (2006), a lembrança é produzida pelo indivíduo num contexto de grupo que pertence a uma mesma base comum que traduz o coletivo. Em Janduís essa base comum diz respeito às lembranças dos fatos que marcaram suas trajetórias individuais, mas fundamentalmente das trajetórias histórica e social daquele grupo. Pretende-se, também, observar a inserção social desse idoso, pela narrativa, na condição de narrador/recordador – intérprete do seu tempo e narrador da sua própria experiência, como uma nova possibilidade de reinserção social como sujeito histórico como propõe Ecléa Bosi (2006) e também Walter Benjamin (1994). Busca-se compreender a velhice como fenômeno natural e social contemporâneo a partir das reflexões em Simone de Beauvoir (1990) e Guita G. Debert (1997), que propõem à sociedade novas posturas acerca desse fenômeno. A utilização da história oral se constitui em um instrumental importante pela possibilidade da construção de uma memória mais socialmente consciente e democrática do passado, como propõe Paul Thompson (1992). Procura-se, portanto, articular a memória e a história a partir de condicionantes temporais e espaciais que definem o contexto das narrativas, inserindo a feira e as festas também como os lugares mais lembrados pelo grupo. Define-se, portanto, o campo da experiência deste trabalho: o vivido e o lembrado no cotidiano do grupo.