A CARNAVALIZAÇÃO DA POLÍTICA EM HELIOGÁBALO
Artaud; Carnavalização; Heliogábalo; Teatro da crueldade.
Esta pesquisa possui o intuito de investigar o tema da política na obra do escritor e dramaturgo Antonin Artaud (1896-1948), especialmente em Heliogábalo, ou o anarquista coroado (1934). Artaud vem sendo estudado nas últimas décadas nas ciências humanas, sobretudo a partir de suas experiências teatrais, literárias e cinematográficas, contudo pouco se debate acerca de suas contribuições políticas; e tampouco o Heliogábalo é tomado em destaque. Então, para além de suas características puramente estéticas, convém se apropriar do que este texto nos dá a conhecer politicamente. Nesse sentido, esta narrativa sobre a vida do jovem imperador romano revela de modo privilegiado uma perspectiva singular do que vem a ser o fenômeno político – este não é apenas a luta entre as “partes” e o domínio do Estado, mas é também a composição de linguagens, de ritos e de atos cênicos. Sendo assim, argumento que no espaço desta obra o processo de carnavalização – conceituado por Mikhail Bakhtin – aparece como um elemento político central. Para a devida realização desta linha argumentativa, estudei o corpus através da análise temática, bem como escrevi um texto de natureza ensaística: portanto, no movimento do pensamento, tentei reunir elementos discretamente separados entre si em um todo legível, como num tapete. Uma vez demonstrada a pertinência do estudo dessa narrativa poética, pretendo contribuir minimamente com a construção de uma visão complexa da questão política, de modo a nos proporcionar um entendimento transdisciplinar dos problemas da mesma.