UM BAQUE PELA ANCESTALIDADE: NAÇÃO ZAMBERACATU, PERTENCIMENTO E CONSTRUÇÃO DE UM EGBÉ (COMUNIDADE) AFRO-POTIGUAR
Maracatu nação. Ancestralidade. Matriarcado. Cosmovisão africana. Candomblé. Cultura popular. Identidade.
Este trabalho busca dialogar acerca do Maracatu Nação como uma manifestação cultural de luta e resistência. Ser uma nação de maracatu significa ter estreita relação com a ancestralidade cultuada nas religiões de matriz afro-brasileira. Nesse sentido utilizo de elementos da cosmovisão africana (OLIVEIRA, 2020) para desenhar caminhos de pertencimento da Nação Zamberacatu aos povos de terreiros, construindo assim um Egbé, uma sociedade afro-potiguar, assim como uma comunidade imaginada (ANDERSON, 2008). Entendendo que nessa construção estão envolvidos aspectos religiosos, culturais e políticos, este trabalho procura se estruturar, estudando as relações desenvolvidas no contexto da manifestação, que desencadeiam processos significativos para dialogar sobre a tradição na contemporaneidade, a construção de uma identidade negra e os significados de um matriarcado dentro de um maracatu nação, pensando-o como elemento central para a compreensão e culto da ancestralidade. Os procedimentos metodológicos estão dispostos de maneira que a escolha dos autores e da metodologia tem relação com demarcar território de pertencimento social e dar voz a intelectuais racializados, como estratégia de uma escrita sobre a população negra que parta dela mesma nos moldes da pesquisa afrodescendente (CUNHA JUNIOR, 2013), tendo a escrevivência (EVARISTO, 2017) como maneira de assumir o lugar do ser que brinca e escreve, é pesquisadora e pesquisada. Utilizo igualmente a valoração da palavra falada, a oralidade, como elemento que faz nascer a escrita (A. HAMPATÉ BÁ, 2010) e a observação atrelada a perspectiva do ser afetado (FAVRET-SAADA, 1990), numa perspectiva de construir um texto que se aproxima da escrita experimental (FLEISCHER,2018) com fluidez e que evoca horizontes.