“SOB A LUZ DA TRADIÇÃO E DO NEGOCIO”: VAQUEIROS E PATRÕES NAS VAQUEJADAS CONTEMPORÂNEAS EM MOSSORÓ-RN
Vaqueiro. Patrão. Vaquejada. Relações de Poder. Tradição.
Estudar a vaquejada enquanto fenômeno da cultura e da tradição no contexto do negócio se torna um momento oportuno, mas acima de tudo circunstancial, tendo em vista que a mesma em seu processo histórico e cultural apresenta referencias do passado e do presente para constitui o futuro do evento e dos seus participantes. A pesquisa em curso visa tratar das mudanças observadas no cenário da vaquejada e nas relações entre vaqueiros e patrões configurada na passagem da vaquejada realizada na fazenda, como brincadeira no passado, para vaquejada contemporânea vista como negócio. Desse modo, a intenção é compreender, neste contexto, as formas de relações estabelecidas entre patrões e vaqueiros nas vaquejadas de Mossoró-RN. Considerando a existência de relações estabelecidas entre patrão e vaqueiro, que formas de relações estes personagens podem adquirir na vaquejada como negócio? Parte-se da hipótese de que na vaquejada conhecida como negócio assume diversas formas relações entre patrão e vaqueiro que podem se revelar pelos contratos formais de trabalho, pelo trabalho informal, pela confiança, pela amizade, pelas trocas variadas entre seus competidores e investidores e pelas relações de poder. Para este estudo tem-se analisado o evento e as relações entre patrões e vaqueiros a partir de algumas categorias de análise, a saber: a tradição como reinvenção discutidas pelas ideias de Hobsbawm e Ranger (1997), Bornheim (1997), Zumthor (1997), a vaquejada de fazenda presente nas discussões de Bezerra (1978), Lamartine (1965), Cascudo (1956, 1954, 1976, 1984, 2000), a vaquejada-espetáculo vista como negócio nas ideias de Barbosa (2006), Aires (2008) e Silva (2013), as relações de troca e as relações de poder configuradas pelo capital econômico como valor simbólico Bourdieu (2007) e pelo poder como dispositivo de disputa em Foucault (1997). Já a pesquisa de campo tem sido desenvolvida pela observação direta e pela coleta de dados através das narrativas gravadas com os principais participantes das vaquejadas que moram em Mossoró como vaqueiros, patrões, donos de parque de vaquejadas na cidade. Na pesquisa em curso foi constatado que a vaquejada espetáculo, sustentada pelo negócio, apesar de apresentar vários tipos de relações já enumeradas anteriormente entre seus participantes, há o predomínio do poder do patrão sobre o vaqueiro como fator fundamental para projetar a existência da vaquejada como tradição na contemporaneidade.