As árvores me começam. O mundo por Manoel de Barros ou “estado de poesia” em Manoel de Barros
Manoel de Barros; Estado de Poesia; Sociedade Contemporânea.
Esta tese tem como objetivo principal refletir sobre a obra poética de Manoel de Barros em sua dimensão sociocultural, tomando, como fio condutor para esta tarefa, a noção de “estado de poesia”, que é construída pelo autor ao longo de sua obra. Procura-se compreender como se dá a caracterização desse “estado de poesia”, bem como a busca por alcança-lo, considerando-se que pela compreensão de tal busca e caracterização pode-se apreender um testemunho e uma visão do autor mato-grossense sobre a sociedade contemporânea. Com esse intuito, aborda-se o conceito de poesia presente em Manoel de Barros – fruto de seu constante exercício metalinguístico -, bem como a construção de alguns personagens poéticos que compõem sua obra, quais sejam: o Poeta, o Andarilho, a Criança, o Índio e o Bugre, e Bernardo da Mata. Esses personagens são elementos fundamentais em sua poética e, representando sujeitos em “estado de poesia”, tematizam várias questões que dizem respeito à contemporaneidade. Em síntese, procura-se argumentar que há, na poética de Manoel de Barros, um conjunto de valores e ideias sobre a vida, a sociedade, a poesia, o ser humano e o mundo que, em conjunto, dão forma a uma reflexão sobre nossa sociedade e tecem uma alternativa de existência diferente da que temos; essa alternativa é plasmada num “estado de poesia”, estado que, em Manoel de Barros, acaba personificando um ideal de existência para a humanidade. Com efeito, a caracterização e a busca por alcançar um “estado de poesia”, na obra de Manoel de Barros, levam sempre à negação de certos valores e instituições sociais hegemônicas do mundo contemporâneo, configurando-se como um elemento basilar na construção de uma crítica social.