IMAGEAMENTO E MODELAGEM DIGITAL COM GPR EM MICROBIALITOS DA FAZENDA ARRECIFE, CHAPADA DIAMANTINA (BA), NE DO BRASIL
Imageamento digital, GPR, Microbialitos.
O imageamento digital com GPR permite a caracterização tridimensional de afloramentos análogos a reservatórios petrolíferos em rochas carbonáticas, propiciando “cortes verticais” do afloramento, com informações sobre sua geometria interna e, quando georreferenciado, permitem a elaboração de modelos virtuais 3D. A proposta deste trabalho envolvendo o uso conjunto dos métodos GPR, perfilagem com raios gama, petrografia sedimentar e análises químicas (MEV/EDS e FRX), abre novas perspectivas para o imageamento virtual 3D de microbialitos, principalmente quando associada ao processamento GPR avançado com o uso de “atributos”. A escassez de artigos, em revistas especializadas, que abordem sobre o imageamento geofísico de microbialitos e o interesse da indústria do petróleo, torna esta proposta ainda mais interessante, e, particularmente por sua importância como análogo de reservatório do Pré-sal. O processamento avançado com atributos em seções GPR foi aplicado com o objetivo de extrair mais informações dos radargramas processados convencionalmente. Dentre eles, o atributo de “Amplitude Instantânea” mostrou resultados promissores realçando o limite entre a colônia de microbialitos (baixa amplitude) e os depósitos tempestíticos (alta amplitude). O atributo de “Energia” apresentou resultado semelhante ao atributo de “Amplitude Instantânea”, sendo que proporcionou uma melhor visualização da laminação interna dos microbialitos colunares. As combinações “Hilbert Trace/Energia e Hilbert Trace/Similaridade” também mostraram de forma adequada o contato entre estromatólito e tempestito, além da geometria interna dos microbialitos. O levantamento de seções colunares e perfis de raios gama foi fundamental para a identificação de mudanças granulométricas e de radioatividade entre as camadas de tempestitos (grainstones), para a parametrização da largura das colunas dos microbialitos, assim como para a identificação de material ferruginoso/fosfatado que é responsável pela alta amplitude das ondas eletromagnéticas, observada nos fortes refletores que aparecem nas seções GPR. Desta forma, foi possível distinguir duas assinaturas para os tempestitos (grainstones mais finos e grainstones mais grossos) e três assinaturas para os microbialitos (microbialitos maiores, médios e menores). As análises químicas com MEV/EDS e FRX realizadas em uma amostra sugerem a presença de mineral fosfático (26,8% de P) e regiões de maior concentração de ferro (16,2% de Fe), possivelmente relacionadas a uma alteração/oxidação, que deverá ser confirmada pela presença de um óxido/hidróxido de ferro identificado com estudo petrográfico (seções polidas). De posse dessas informações é possível afirmar que as ferramentas utilizadas neste trabalho permitiram o imageamento em detalhe dos microbialitos da Fazenda Arrecife, que podem representar células de heterogeneidade (ductos ou barreiras de fluxo) em reservatórios carbonáticos não detectáveis na escala da sísmica convencional