Prevalencia e fatores de risco associados a tecnica inadequada de uso do dispositivo inalatorio em pacientes com asma e DPOC
asma, DPOC, dispositivos inalatórios, técnica inalatória
A asma e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) são doenças respiratórias crônicas que afetam milhões de pessoas em todo o mundo, resultando em alta morbidade e mortalidade. O uso inadequado de dispositivos inalatórios (DI) é um fator crítico que compromete a eficácia do tratamento, levando a um aumento nas hospitalizações e agravamento dos sintomas. Este estudo teve como objetivo analisar a prevalência de técnicas inadequadas na administração de DI entre pacientes com asma e DPOC, além de identificar erros críticos e fatores de risco associados, e propor intervenções farmacêuticas para melhorar a utilização desses dispositivos. Foi realizado um estudo observacional e transversal com 575 pacientes atendidos em um ambulatório de pneumologia de um hospital universitário e em uma unidade do componente especializado, ambos em Natal, Brasil. Os participantes, com idade mínima de 18 anos e diagnóstico de asma e/ou DPOC, responderam a questionários sobre características sociodemográficas e executaram a técnica inalatória para avaliação. A adesão ao tratamento foi avaliada através do teste de Morisky-Green-Levine, enquanto a técnica inalatória foi analisada por meio de checklists específicos para cada DI, considerando como erros críticos aqueles com maior potencial para afetar a efetividade do medicamento, como a expiração deficiente, vedação inadequada ao redor do bocal, inspiração inadequada e falha na pausa inalatória. Os resultados mostraram uma alta prevalência de técnica inalatória inadequada (55,2%), com os erros mais frequentes sendo a inspiração inadequada (61,2%) e a pausa inalatória incorreta (56,6%). A análise multivariada indicou que fatores como idade avançada (OR: 1,016), menor renda familiar (OR: 2,450), queixa de piora dos sintomas ao esforço (OR: 1,935) e diagnóstico de asma (OR: 3,596) estão significativamente associados à técnica inadequada. Esses achados destacam a complexidade envolvida no uso de DIs e a necessidade de intervenções educacionais contínuas, especialmente voltadas para populações vulneráveis. A implementação de programas de treinamento e orientação, bem como o uso de checklists durante as consultas, são estratégias sugeridas para aprimorar a adesão e a eficácia do tratamento. Em conclusão, este estudo evidencia a elevada prevalência de técnicas inadequadas na administração de DI entre pacientes com asma e DPOC. Os erros críticos identificados e os fatores de risco associados ressaltam a importância de intervenções educativas direcionadas para otimizar o uso dos DI e, consequentemente, melhorar o controle das doenças respiratórias.