Fluxo de Carbono e Serviço Ecossistêmico de Regulação em Áreas do Domínio Semiárido da Caatinga, Nordeste Brasileiro
Ciclo do carbono; Caatinga; semiárido; serviço de regulação na Caatinga; mitigação; sumidouro de carbono.
Este estudo analisou o fluxo de carbono em três áreas preservadas de Caatinga localizadas no Semiárido brasileiro: Serra Negra do Norte (RN), Serra Talhada (PE) e São João (PE). O objetivo foi compreender como a variabilidade climática anual influencia a dinâmica do carbono e o potencial mitigador do serviço ecossistêmico de regulação. Para isso, utilizaram-se torres micrometeorológicas do Observatório Nacional da Dinâmica da Água e do Carbono no Bioma Caatinga (ONDACBC), que permitiram mensurar a produção primária bruta (GPP), a respiração do ecossistema (Reco) e a troca líquida de carbono (NEE). Esses dados foram integrados a variáveis climáticas como precipitação, radiação solar, temperatura do ar, umidade relativa e déficit de pressão de vapor (VPD). Os resultados indicaram que, embora as três áreas apresentem características geográficas e um ritmo climático anual diferente, todas funcionaram como sumidouros anuais de carbono. Em Serra Negra do Norte, a sincronia entre radiação solar e precipitação potencializou a captura, resultando nos maiores valores de sequestro de CO2 (até 25 tCO2 ha−1 ano−1). Serra Talhada apresentou maior sensibilidade à variabilidade climática, com
momentos de emissão temporária, mas manteve um saldo anual negativo de NEE no ciclo anual, atuando como um sumidouro (XX tCO2 ha−1 ano−1). São João destacou-se pelo regime pluviométrico mais regular e pelas temperaturas amenas, que favoreceram a fotossíntese líquida e a eficiência como sumidouro (17 tCO2 ha−1 ano−1). As diferenças na magnitude da captura entre os locais reforçam que a dinâmica do fluxo de carbono está
diretamente associada à interação entre elementos climáticos e condições ambientais. Mesmo em anos classificados como secos, a Caatinga mostrou resiliência, confirmando sua relevância como um dos biomas mais eficientes no sequestro de carbono entre as regiões semiáridas globais e entre os domínicos de natureza do Brasil. Conclui-se que a Caatinga desempenha papel estratégico para a mitigação das mudanças climáticas, oferecendo um serviço ecossistêmico essencial de regulação atmosférica. Esses resultados reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas à conservação e restauração da vegetação nativa e da justiça climática, bem como à implementação de programas de pagamento por serviços ambientais que valorizem o potencial mitigador do Semiárido brasileiro.