VIOLÊNCIA INTERPESSOAL E SAÚDE: UMA ANÁLISE GEOGRÁFICA SOBRE O FENÔMENO, O CASO DO BRASIL E RIO GRANDE DO NORTE
Território, Violência estrutural, crise social e transição epidemiológica.
Vivemos numa crise marcada por ondas de violências de forma generalizada por todos os territórios do globo. No Brasil, em especial a partir dos fins da década de 1980 a violência vem se destacando de forma bastante expressiva, tornando-se uma preocupação crescente em todas as esferas políticas e sociais. Reproduzindo assim um dos mais graves problemas sociais e de saúde pública. Remete-se a problemas sociais, uma vez que interfere na distribuição da oferta de bens e serviços aos cidadãos; mas também é problema de saúde, pois a violência é um dos fenômenos determinantes na transição epidemiológica que o país vem vivenciando. Trata-se de uma crise social, que é fruto de um mundo capitalista globalizado, que impõe a todos os territórios a chamada violência estrutural (do dinheiro, competitividade e potência em estado puro), base na qual as violências funcionais derivadas se materializam, entre elas os homicídios. O Rio Grande do Norte vem acompanhando essa realidade que é nacional, com crescentes taxas de mortalidade por violência homicida, localizada especialmente nos municípios do Oeste e Leste potiguar. O fenômeno demanda custos crescentes para o sistema de saúde, além de consequências humanas graves, como a escalada do medo e a dizimação de uma geração, vitimando principalmente indivíduos do sexo masculino, jovens e negros. A falta de uma política pública consistente de enfrentamento da problemática revela a omissão do Estado, com consequências sociais e de saúde tanto em nível individual como em âmbito coletivo.