EXTRATOS DE TALISIA ESCULENTA SÃO FONTE DE COMPOSTOS COM POTENCIAL FARMACOLÓGICO
Sapindaceae; estresse oxidativo; Tenebrio molitor; planta medicinal; Zebrafish
Conhecida popularmente como Pitombeira, Talisia esculenta (Sapindaceae) é uma espécie nativa do nordeste brasileiro que possui potencial econômico e medicinal. A infusão de suas folhas é utilizada na medicina popular com indicação contra dores no quadril, reumatismo e pressão alta, porém, até o momento estudos de avaliação de seu potencial farmacológico, toxicológico e composição fitoquímica são escassos. Os frutos desta planta são utilizados na alimentação e suas cascas atualmente tem seu potencial farmacológico pouco explorado sendo descartado sem nenhuma aplicação biotecnológica. Diante desse contexto, esse estudo teve como objetivo obter os extratos hidroetanólico e a infusão das folhas e cascas dos frutos de T. esculenta, realizar sua caracterização fitoquímica, mensurar sua capacidade antioxidante in vitro, toxicidade e potencial antioxidante in vivo em dois modelos celulares (linhagens NHI/3T3 e RAW 264.7) e animais (Tenebrio molitor e Zebrafish) e analisar seu potencial anti-inflamatório em macrófagos RAW 264.7. Para isso foram preparados o extrato hidroetanólico (70%) e o extrato aquoso (infusão) a partir das folhas frescas e cascas do fruto da espécie, obtendo-se o extrato hidroetanólico das folhas (HF), infusão das folhas, extrato hidroetanólico das cascas dos frutos (HC) e infusão das cascas dos frutos (IC). A avaliação da capacidade antioxidante realizada in vitro, por meio dos ensaios de Capacidade Antioxidante Total (CAT), sequestro do radical DPPH, poder redutor e quelação de Cobre. Os testes revelaram que ambos os extratos apresentaram satisfatória capacidade de sequestro de radicais, assim como uma elevada capacidade de quelação de íons cobre. A citotoxicidade e a capacidade antioxidante foi avaliada em modelo celular utilizando a linhagem NHI/3T3, por meio dos ensaios MTT e de ferida. Observou-se que os extratos de T. esculenta não apresentaram efeitos sobre a redução de MTT e migração das células e protegeram estas contra o dano oxidativo induzido por CuSO4 e ascorbato. IF e HC foram selecionados para ter seus efeitos investigados em T. molitor. A análise da sobrevivência mostrou que os IF e HC não apresentaram toxicidade significativa sobre os animais nas concentrações avaliadas e foram capazes de reduzir o efeito do CuSO4 sobre as larvas de T. molitor, uma vez que foi verificado um aumento da sobrevivência de larvas tratadas com os extratos, com relação ao controle positivo, assim como observada a redução da melanização nos animais. A caracterização fitoquímica foi realizada por meio da quantificação do teor de phenolicos, flavonoides e análise por CLAE-DAD. A partir destas analises foi possível verificar a presença de diversos compostos da classe dos flavonoides, e identificou-se a presença de ácido gálico, quercitrina e rutina. Em nosso trabalho também não foi verificada citotoxicidade sobre a linhagem de macrófagos RAW 264.7 (ensaio MTT). Além disso, os extratos de T. esculenta foram capazes de reduzir os danos causados pelo estresse oxidativo induzido por H2O2 nos macrófagos. No entanto, apenas HC foi capaz de reduzir a produção de óxido nítrico (NO), nos macrófagos estimulados com LPS. Ademais, investigou-se nesse estudo os efeitos protetores dos extratos de T. esculenta sobre o modelo de estresse oxidativo induzido por H2O2 e CuSO4 e ascorbato em Zebrafish, com base na análise dos níveis de espécies reativas de oxigênio (ERO) por microscopia de fluorescência. Todos os extratos de reduziram os níveis de ERO nas larvas expostas ao H2O2, no entanto uma redução mais significativa foi verificada para HF, IF e HC que foram iguais estatisticamente ao controle negativo. Embora HC também tenha apresentado efeitos protetores, reduzido os níveis de ERO no modelo de estresse induzido por CuSO4 e ascorbato, maiores efeitos foram verificados para HF, IF e IC que reduziram a intensidade de fluorescência a níveis menores que o controle negativo. Tomados em conjunto, esses dados indicam que T. esculenta é uma fonte de compostos com potentes efeitos antioxidantes e possível potencial anti-inflamatório que deve ser mais profundamente estudado em investigações futuras.