FORMAÇÃO DOCENTE E ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS PARA ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: POSSIBILIDADES PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA
Educação Especial; Formação Docente; Estratégias Metodológicas; Transtorno do Espectro Autista; Intervenção Pedagógica.
O presente trabalho tem como objetivo analisar a formação continuada como uma possibilidade de ampliação das ações docentes na educação especial em uma perspectiva inclusiva. Para isso, a pesquisa foi desenvolvida com os docentes especialistas de uma escola municipal de Ensino Fundamental – Anos Finais, na qual foram ofertadas a estes profissionais, ações de formação com foco na adaptação de estratégias metodológicas com ênfase no aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Adotando-se como objetivos específicos identificar, por meio de uma roda de conversa, os conhecimentos prévios e dificuldades dos docentes do Ensino Fundamental - Anos Finais, em relação aos alunos com Transtorno do Espectro Autista; investigar as estratégias metodológicas utilizadas atualmente na escola com os alunos com Transtorno do Espectro Autista; realizar encontros formativos, com foco na adaptação de estratégias metodológicas, a serem utilizadas com os alunos com Transtorno do Espectro Autista; e, elaborar um ebook a partir dos desdobramentos dos encontros formativos. A motivação para o estudo e posterior desenvolvimento desta pesquisa se dá a partir das experiências vivenciadas pela pesquisadora nos últimos anos frente à Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) da referida escola, atuando juntamente aos docentes especialistas da sala regular. Estas experiências oportunizaram a observação das práticas docentes no tocante à temática principal deste trabalho e, a partir destas inquietações, as reflexões para a investigação. Assim, este estudo se justifica em razão da sua contribuição a partir da proposta pedagógica interventiva, cuja implementação objetiva também promover avanços na ampliação e aprimoramento das estratégias metodológicas utilizadas em sala de aula com os alunos com TEA. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, configurando-se uma pesquisa do tipo intervenção pedagógica, onde foram realizados encontros formativos teórico-práticos com os docentes da referida instituição. Para a produção de dados foram utilizados os registros fotográficos, gravação de vídeos e áudios e a escrita no diário de bordo da pesquisadora, bem como dos sujeitos da pesquisa, feitos durante os encontros formativos e as rodas de conversa, entrelaçando-se com a pesquisa bibliográfica baseada em teóricos referência na temática, documentos oficiais e legislações vigentes. A análise dos dados foi realizada por meio da análise temática com abordagem interpretativa, a partir da escuta sensível dessas narrativas docentes. Os resultados evidenciaram avanços significativos na compreensão dos docentes acerca da perspectiva inclusiva, bem como no redimensionamento das práticas pedagógicas. Contudo, também emergiram entraves estruturais e institucionais, como a ausência de apoio pedagógico especializado, a sobrecarga de trabalho e tempo para a formação. Tais elementos revelam que a formação continuada, embora necessária, não pode operar isoladamente, demandando suporte institucional e políticas públicas que valorizem a inclusão como compromisso coletivo. A pesquisa, portanto, reafirma a urgência de se investir em processos formativos continuados, dialógicos e contextualizados, capazes de impulsionar uma educação pública de qualidade, ética e inclusiva.