ASSOCIAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E O PERFIL GLICÊMICO DE MULHERES COM DIABETES MELLITUS GESTACIONAL E SEUS RECÉM-NASCIDOS
Gravidez. Saúde Materno-Infantil. Nutrição Materna. Neonato.
O alto consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) tem provocado efeitos desfavoráveis na saúde da população e na qualidade nutricional da dieta, porém, ainda são escassos estudos que avaliam o impacto desse consumo em desfechos metabólicos dos pares mãe-filho na Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a associação entre o consumo de AUP e o perfil glicêmico de mulheres com DMG acompanhadas em um ambulatório de pré-natal de alto risco e na ocorrência de hipoglicemia de seus recém-nascidos. O estudo foi observacional, longitudinal, prospectivo, do tipo coorte, com mulheres com diagnóstico de
DMG e seus recém-nascidos. A coleta de dados aconteceu em no mínimo dois momentos durante a assistência pré-natal (durante o 2º e 3º trimestre de gestação) e no pós parto imediato. A avaliação do consumo alimentar foi realizada segundo a classificação NOVA, sendo os pares agrupados segundo tercis de contribuição energética de AUP na dieta. O perfil glicêmico foi avaliado pela glicemia de jejum, automonitoramento da glicemia capilar (jejum, uma hora após café, uma hora após almoço e uma hora após jantar) em gestantes, e segundo glicemia capilar de seus neonatos nas primeiras 48 horas de vida. Análises de regressão logística binária foram realizadas para avaliar a relação do aumento da participação de AUP considerando o tercil mais alto de consumo de AUP como categoria de referência, no controle da glicemia de mulheres com DMG nos tempos da pesquisa e da ocorrência de hipoglicemia nos seus neonatos (<50 mg/dL). Participaram do estudo 94 pares, cujo consumo médio calórico das mulheres foi de 1.936 Kcal (1228 – 3124 Kcal), com 15% da energia proveniente dos AUP. Quanto ao perfil glicêmico, 33,3% (n=30) e 52,3% (n=45) delas apresentaram hiperglicemia no segundo e no terceiro trimestre de gestação, respectivamente. Observou-se que o consumo de AUP não teve associação significativa com o controle glicêmico materna, porém mostrou associação positiva com a ocorrência de hipoglicemia neonatal (OR: 1,14; IC95%:1,037-1,262; p=0,007). Assim, os dados sugerem que o consumo de AUP pode impactar na ocorrência de hipoglicemia neonatal em recém-nascidos de gestantes de alto risco, reforçando a inclusão das diretrizes para promoção da alimentação saudável na gestação nos protocolos de assistência nutricional para gestantes com DMG.